Milhares de torcedores viajaram para Marrakech sonhando em torcer pelos seus times e, quem sabe, vê-los campeões do mundo. Mas a viagem deixou de ser apenas de alegrias e acabou sendo frustrante para muitos deles. A falta de organização nas vendas e retiradas de ingressos provocou a revolta de muitos fãs do futebol.
A procura por entradas aumentou significativamente depois da classificação do Raja Casablanca para a semifinal do Mundial de Clubes depois de vencer o Monterrey por 2 a 1, em Agadir. Apesar da empolgação da torcida, os guichês para a compra e retiradas de ingressos estavam fechados nesta segunda-feira.
Os pontos de vendas na estação de trem de Marrakech e na feira da Fifa, a Fan Zone, foram fechadas sem qualquer informação ou esclarecimento para os torcedores. Apenas o stand do aeroporto ficou aberto, o que causou revolta.
"É um absurdo. Eu viajei da Índia até aqui para ver o torneio e não acho nada aberto. Ainda estou gastando taxi indo de uma estação a outra porque não há informações", disse a indiana Raj Shokkar.
Torcedores do Bayern de Munique também foram, sem sucesso, ao local. "Não conseguimos comprar, não sei porque está fechado. É um desrespeito", disse o administrador Rob Straat.
O caso da estudante brasileira Tatiana Ioussef Tauil, de 24 anos, foi ainda mais grave. A atleticana comprou os ingressos para a semifinal e a final do Mundial no site da Fifa e recebeu a confirmação da compra normalmente. Inclusive, já pagou a fatura do cartão de crédito com o valor do ingresso. No entanto, não foi autorizada a retirar seu tíquete.
De acordo com Tatiana, os fiscais da Fifa no aeroporto informaram que a compra havia sido cancelada, e o dinheiro devolvido à operadora do cartão de crédito. A brasileira diz que não recebeu qualquer aviso sobre o assunto.
Inconformada, ela não teve condições nem de comprar outro ingresso porque os guichês estavam fechados. Tatiana conta que já gastou R$ 5 mil na viagem de Belo Horizonte ao Marrocos, incluindo passagem aérea e hospedagem. Nos ingressos, ela desembolsou 90 euros pelos dois juntos.
"Eu estou indignada. Já chorei por mais de 1 hora. Eu venho ver o time que eu amo e quando chego aqui não tem o meu ingresso. Eu estou com toda a documentação, está aqui o comprovante de pagamento. Eu vou processar a Fifa", dizia, erguendo a documentação.
Os marroquinos também estão sofrendo para conseguirem ver o jogo do Raja Casablanca. No domingo, houve um princípio de tumulto na Fan Zone pela falta de organização e a grande quantidade de torcedores do Atlético e do Raja.
A Fifa tenta não se envolver com o problema. O gerente de mídia da entidade máxima do futebol, Resch Wolfgang, disse que não tinha informações sobre os problemas apontados, e que o comitê local é que era responsável pela comercialização de ingressos.
Já a responsável pelo comitê, Houyam Benhammou, também afirmou não saber o motivo do fechamento dos guichês. Segundo ela, 70% dos ingressos para a semifinal haviam se esgotado até a noite de segunda-feira. Já para a final só estavam disponíveis os ingressos nos setores mais caros.
Para o duelo entre Atlético-MG e Raja Casablanca, a entrada mais barata custava 450 dirhams (cerca de R$ 120) e a mais cara 850 dirhams (cerca de R$ 220).