O Partido dos Trabalhadores (PT) tem dado, ao longo destes seus 34 anos de existência, lições de militância e democracia interna que seriam capazes de matar de inveja seus adversários, normalmente agremiações disformes com cabeças imensas e praticamente sem pernas. Sendo assim, como manter os pés no chão, não é mesmo? É possível contestar a afirmação feita acima argumentando que os petistas traíram seus ideais pelo poder e agora fazem o diabo, no dizer da presidente Dilma Rousseff, para se manterem nele. Isso, contudo, não desmente a afirmação feita de início, comprovada na recente reeleição direta de seu presidente nacional, Rui Falcão, que reafirmou a aposta pragmática na aliança multipartidária. Esta não é apenas da cúpula, mas também da base, conforme confirmou a votação por ele recebida.
Por que Dilma inventou um salto do PIB que só aconteceu na página do jornal espanhol?
No meio da entrevista concedida por Dilma Rousseff à edição brasileira do diário espanhol El País, o jornalista fez uma escala no terreno sempre movediço da economia: a presidente estava preocupada com o raquitismo dos índices de crescimento?, quis saber o jornalista.
Caprichando na pose de quem governa a segunda superpotência do planeta, a entrevistada disse o seguinte:
“Esta semana resolveram reavaliar o PIB. E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Nós sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado o PIB. Isso acontece com outros países também. Os Estados Unidos sempre revisam seu PIB. Agora nós neste ano vamos crescer bem mais do que 1,5% – resta saber quanto acima”.
Uma semana depois do palavrório publicado em 26 de novembro, o IBGE revelou o resultado da revisão: em 2012, o crescimento não foi de 0,9%, conforme o cálculo original, mas de 1% ─ exatamente 0,1% acima do índice que levara a presidente a desconfiar, em dilmês arcaico, que “estava subestimado o PIB”.
Que fim levou o salto de 1,5% que só deu as caras na entrevista? Onde a presidente foi buscar a maluquice reproduzida por El Pais? Há quatro explicações possíveis:
1. Dilma mentiu. Nessa hipótese, precisa pedir desculpas ao jornal e aos leitores, prometer regenerar-se e tentar criar juízo.
2. Dilma foi enganada. Se foi assim, precisa pedir desculpas ao jornal e aos leitores, demitir imediatamente o responsável pela tapeação e prometer que, de hoje em diante, vai conferir contas e números apresentados por vigaristas incuráveis.
3. Dilma ouviu o índice certo mas a memória falhou nesse trecho da entrevista. Nesse caso, precisa pedir desculpas aos jornais e aos leitores, prometer que vai anotar num papel cifras especialmente importantes e convocar algum assessor vacinado contra surtos de amnésia para vigiar o que diz em entrevistas mais longas.
4. Dilma decidiu provar que músico e escritor Lobão não exagerou ao afirmar, na entrevista ao Roda Viva, que o Brasil é presidido por alguém “incapaz de tomar sorvete pela testa porque não vai conseguir nem mirar a própria testa”. Se a quarta opção for a correta, oremos.
‘Os beijos mais íntimos’
Mensaleiros? Mensalão mineiro? Trens e metrôs tucanos superfaturados? Deixa pra lá: nada preocupa mais Governo e Oposição do que a prisão de Jeany Mary Corner, conhecida senhora que cuida da carreira de inúmeras moças que se dedicam ao bem-estar do pessoal de Brasília. A agenda de Jeany é explosiva: nela há endereços, telefones, contas-correntes, eventuais dívidas de pessoas não apenas bem-postas na vida, mas casadas ─ e já se viu o estrago que uma esposa ou amante insatisfeita pode causar na vida de um político. Ex-mulher é para sempre! Há quem diga que Jeany Mary tem, entre suas recordações, a foto de um parlamentar inteiramente nu, posando feliz da vida com um fumegante charuto.