Se você é uma daquelas pessoas que aproveitam o calor para passar o dia todo com roupa de banho molhada, cuidado! A junção da umidade da roupa, a temperatura mais alta em contato com a pele pode gerar um problema muito comum no Verão: a candidíase!
Provocada por fungos, a doença aparece na forma de coceiras na região íntima, vermelhidão (no pênis e prepúcio no caso dos homens e na região exterior da vagina no caso das mulheres), corrimentos e inchaço.
Embora o problema atinja a região íntima de homens e mulheres, não se trata de uma doença sexualmente transmissível, mas de fungos que se proliferam com o aumento da umidade e do calor.
De acordo com a ginecologista Cláudia Lordelo, para evitar o problema é necessário que as pessoas vistam roupas secas assim que saírem dos banhos de mar, piscina ou rio. “A roupa da academia também deve ser trocada imediatamente após o treino”, esclarece a médica, salientando que a candidíase pode ser transmitida em água de piscina, especialmente se não for tratada. “No mar, a própria salinidade impede que haja contaminação”, completa.
Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas da FMUSP, Carmita Abdo lembra que além da proliferação de fungo gerado pela umidade, o banho em água contaminada (de rio, lagoa ou piscina) pode predispor às doenças, tanto do trato urinário (uretrites, cistites, por exemplo), quanto do aparelho ginecológico (vulvovaginites, por exemplo).
“Vale lembrar que outros fatores podem contribuir para infecções na região genital, tais como alterações hormonais, gravidez, baixa imunidade, uso de antibióticos e de produtos íntimos que alterem o pH e, consequentemente, o equilíbrio da flora vaginal”, ressalta.
Prevenção
Para a professora Carmita Abdo, evitar compartilhar roupas de banho ou toalhas de outras pessoas também ajuda a manter as infecções longe. A dica vale tanto para mulheres como para homens. “É recomendado não depilar a vulva na véspera do banho de mar ou de piscina, pois a depilação causa microlesões, onde fungos e bactérias podem se instalar”, explica.
O ginecologista e diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh), Jorge Valente, também destaca que quando o assunto é cuidado preventivo, é fundamental criar uma proteção entre a areia da praia e a região íntima. “As areias das praias terminam sendo cenário de contaminação e por isso, o contato com a pele deve ser intermediado sempre, seja por cangas, toalhas e até mesmo sandálias de borracha”, destaca.
Ele chama atenção para o fato de que além da candidíase, doenças como o HPV também podem ser transmitidas pela água, em ambientes como o chão de banheiros ou chuveiros. “Os sorotipos do HPV do grupo A causam lesões de pele como o Olho de Peixe (que se assemelha a um cravo no pé) e as verrugas”, salienta, ressaltando a necessidade de se precaver.
No quesito cuidados, os médicos chamam atenção para o uso de roupas leves nessa época, especialmente vestidos e saias, no caso das mulheres.
“É importante que as mulheres prefiram às calcinhas totalmente de algodão, que permitem a ventilação da vagina e da região anal, evitando a proliferação de fungos e bactérias”, salienta Carmita Abdo.
“Para os homens, está indicado usar cuecas de algodão para arejar a região genital e anal”, diz, lembrando a necessidade de lavar bem os genitais com sabonete neutro, especialmente nas áreas de dobra de pele, como virilha, ânus, prepúcio e abaixo do escroto, que são propensas a odores, micoses e assaduras. Depois, secar bem. “A higiene inadequada dos genitais masculinos é o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pênis, por exemplo”, completa a professora.
O uso de sabonetes que equilibram o pH da região também é indicado.
Tratamento
Para quem não tomou os cuidados necessários e agora pena com a candidíase, a saída é buscar um médico imediatamente para ter a certeza do diagnóstico.
“O tratamento da candidíase é feito com medicação oral e tópica”, diz a médica Cláudia Lordelo, ressaltando que durante o tempo de tratamento, os pacientes devem passar cerca de uma semana evitando praias, rios e piscinas, além do contato sexual.
Como a candidíase também tem uma relação muito estreita com a baixa da imunidade, Jorge Valente orienta que as pessoas potencializem o tratamento com bastante hidratação e uma dieta menos inflamatória.
“Ingerir muita água e líquidos, cuidar para comer mais frutas, verduras e integrais, reduzir o consumo de açúcares e gorduras. Esses são cuidados que auxiliam o organismo a reagir e cria um ambiente pouco hospitaleiro para os fungos”, finaliza.