Aos 80 anos, o ator Francisco Cuoco afirmou que não usa remédio algum para ter relações sexuais com sua namorada Thaís Almeida, de 27 anos. A declaração, dada à revista "Contigo!", despertou a curiosidade de homens que também querem alcançar a terceira idade com um desempenho sexual satisfatório e gerou a dúvida: é possível chegar à velhice sem precisar usar remédios para ter ereção?
Segundo o médico geriatra José Campos Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein, é possível, sim, mas a probabilidade de um idoso ter dificuldade de ereção é grande. "Vários estudos mostram que, com a idade, a capacidade sexual diminui. É uma questão orgânica, que faz parte do envelhecimento. Assim como perdemos agilidade, força muscular, a ereção também é afetada", afirma.
No entanto, a sexualidade cada vez mais faz parte da vida dos idosos. Segundo dados da pesquisa Mosaico Brasil, que contou com mais de 8 mil entrevistados e foi coordenada em 2008 pela psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade da USP), 87,1% dos homens acima dos 61 anos afirmam ser sexualmente ativos.
"A ideia é envelhecer tendo o mesmo tipo de prazer, bem-estar e satisfação que se tinha na juventude. Com a sexualidade não é diferente. A vida sexual ativa traz satisfação ao idoso, e isso é importante", diz Campos Filho.
Segundo o médico geriatra Paulo Camiz, professor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e membro da American Geriatrics Society (Sociedade Americana de Geriatria, em português), o desempenho sexual do idoso vai depender da qualidade de vida que ele teve e, consequentemente, se envelheceu com saúde.
De acordo com os especialistas, se algumas atitudes e hábitos foram tomados desde cedo, há maiores chances de que o homem tenha a vida sexual ativa na velhice sem ter que tomar medicamentos.
1. Livrar-se de preconceitos
Além das questões de saúde, também influenciam na dificuldade de ereção as questões emocionais, relacionadas à baixa autoestima e ao preconceito de que idosos não devem ter vida sexual ativa.
"Existe essa preconceito de que o idoso que tem relação sexual é um sem-vergonha. Enquanto o jovem é incentivado e idolatrado por fazer sexo, o idoso é visto como um indivíduo que deve ser assexuado", afirma Campos Filho. Por isso, o primeiro passo é aceitar desde cedo que o idoso deve, sim, ter uma vida sexual ativa e, pensando no futuro, criar hábitos saudáveis.
2. Praticar atividade física regularmente
Quem tem uma vida sedentária tem menor qualidade de vida na terceira idade. Por isso, o ideal é se exercitar desde a juventude. "O sexo é uma atividade física, é o mesmo que submeter o idoso a subir uma ladeira, ele pode acabar tendo um infarto se a saúde estiver prejudicada. Manter-se fisicamente ativo só vai trazer melhores condições físicas e, consequentemente, melhor desempenho sexual", afirma Campos Filho.
Segundo os especialistas, nunca é tarde para começar a mudar hábitos. De acordo com Paulo Camiz, a atividade física traz benefícios em qualquer fase da vida. Mas, se ela for iniciada na terceira idade, o acompanhamento deve ser mais minucioso, já que a chance de se lesionar é maior.
3. Alimentar-se bem
Segundo Campos Filho, a alimentação saudável previne o surgimento de problemas de saúde como diabetes, hipertensão, colesterol alto e obesidade, que são fatores que podem prejudicar o desempenho sexual.
4. Tratar doenças
Algumas doenças contribuem para a disfunção erétil, por isso, quanto antes forem tratadas, melhor. "O diabetes descontrolado pode causar alterações no sistema nervoso do paciente e levar à disfunção erétil", afirma Campos Filho, do Albert Einstein. De acordo com Paulo Camiz, doenças que causam problemas circulatórios prejudicam o desempenho sexual do homem. "A ereção do homem é relacionada à boa qualidade da circulação", afirma. Por isso, é preciso estar atento a problemas de hipertensão e cardiovasculares.
5. Evitar cigarro e álcool
Segundo Campos Filho, como o tabagismo pode causar problemas cardiovasculares, ele aumenta o risco de disfunção erétil a longo prazo. Já o álcool tem efeito imediato para qualquer faixa etária quando é ingerido em excesso, pois prejudica a circulação e a parte neurológica do indivíduo.
6. Ter bom diálogo com a parceira
Paulo Camiz afirma que é importante ter diálogo com a parceira para saber se adaptar às mudanças que virão com a idade. "O jovem é mais visual. Já o idoso é mais sensível ao estímulo tátil", diz. De acordo com Campos Filho, para o idoso, a questão da sexualidade envolve muito mais carinho e afeto. "O número de relações é menor porque ele demora mais tempo para ter outra ereção. A questão é muito mais qualidade do que quantidade, diferentemente da juventude", diz.