José Ribeiro, o metrosexual do sertão
Dois dos meus cinco irmãos – seriam uns 15, ou mais, no total, não houvessem morrido alguns com meses de vida e outros tantos de “perca”, coitada da minha mãe – fazem aniversário muito próximo, um do outro. Geovani, de quem falei brevemente em minha última aparição no face, completou mais um ano de vida dia 24 de dezembro. José Ribeiro, primogênito e único barrigudo do grupo, emplacou acho que 52, agora, dia 2 de janeiro.
Nessa data para muitos festiva, ele não quer saber de bla, bla, bla. Agradece a Deus por mais um ano de sex... ops, de vida, quis dizer. Deve ter passado a data natalícia embrenhado mato a dentro, lá pela zona rural de Serrinha. Desbravar matagais, descobrir bares, restaurantes e fazer “otras cositas mas” no meio da caatinga é uma
das especialidades do filho de Queimadas do Curral.
José Ribeiro, o radialista, iniciou a carreira na ex-Difusora, hoje Continental, a mais antiga emissora da região sisaleira. Lá onde também começou o meu pai, o violeiro e apresentador de programas sertanejos Ribeirinho. Zé Ribeiro começou como operador de áudio e por lá fazia as mixagens do dominical “Difusora, Juventude e Embalo”, talvez o musical de maior audiência no rádio de Serrinha em todos os tempos.
Ele operava para o apresentador Edroaldo de Matos, hoje Aldo Matos, da Rádio Sociedade de Feira, o mais importante repórter policial da Bahia. Os dois firmaram uma sólida amizade. São muito parecidos, aliás, em temperamento e também no mulheril. É difícil saber qual deles “aprontou” mais em Serrinha naqueles tempos, quem mais jovens engabelou, entre outras disputas.
Em passagem aqui por Feira, Ribeiro esteve nos áureos tempos da Carioca, onde conviveu com os grandes nomes daquela emissora (Carlos Geilson, Wanderlito José, Jurandir Silva, entre outros), e na Rádio Sociedade, na “era Frei Orlando Bittencourt”, onde atuou com Antonio Carlos Cerqueira, Dilton Coutinho, Dilson Barbosa, Itajay Pedra Branca, Tanúrio Brito e companhia.
É do apresentador do “Acorda Cidade” a autoria do apelido “Bombinha”, rejeitado com veemência, diga-se de passagem, pelo valentense radicado em Serrinha. O nome, em si, ele até gosta. Mas vê como ofensa o diminutivo. “Bombinha o caralh...”, diz ele: “eu sou é bombão, gostosão, miseravão, o bom da boca; esse cara sou eu, meu irmao (sem o til, isso mesmo, assim ele pronuncia ‘irmão’ quando está empolgado, em seu programa de domingo). Negócio de bombinha, rapaix”. Assim mesmo, carregando em um ‘x’, é como ele gosta de falar a palavra rapaz. O cara é invocado.
Em Feira, deixou por um tempo o rádio, enveredou pelo ramo de capotaria (a velha Capotaria São Paulo, na avenida Canal, próximo a sinaleira, início da subida para o Sobradinho). Como não conseguia bater um prego sequer e pegar peso não é seu negócio, desistiu. “Pegar peso só mulher no colo; mesmo assim até no máximo uns 80 quilos”, afirma. Voltou para Serrinha, onde iniciou como locutor. Há pelo menos 20 anos, ancora programas de jornalismo e também apresenta musicais na Regional AM. Dono de grande audiência, sem dúvida é o nome mais popular da comunicação em toda a região do sisal.
Seu grande êxito no rádio é o dominical ”Arquivo Musical”, pela manhã, em que relembra sucessos do passado. É um dos maiores pesquisadores baianos da música dos anos 70 (nacional e internacional) e possui provavelmente o maior acervo pessoal do estado.
Falei um pouco do José Ribeiro radialista. Em breves palavras, diria que o Ribeiro boêmio é um famoso e incansável conquistador. Provavelmente coleciona o maior número de romances, namoros, casos, e tudo o mais que se possa relacionar no gênero em toda a região. De ninfetas a mulheres maduras, viúvas, comprometidas, castas ou liberais, não dispensou nenhuma. Gaba-se de jamais ter recorrido a qualquer estímulo medicamentoso, para seu apetite insaciável. Claro que, tudo isso, em sua época de solteiro. Era de uma ferocidade sem exemplo. Talvez tenha sido superado apenas pelo próprio pai.
O José Ribeiro jogador de bola foi um ambidestro voluntarioso, habilidoso, que atuava em várias posições (inclusive no gol). Muita raça, extraordinária força física, poderoso chute, o que o tornou goleador de arremates de longa distância no time de Betinho, maior estudioso do futebol e melhor técnico da história de Serrinha.
Marido, nunca foi lá muito devotado. Pelo contrário, a mulher dele, a cearense
Berenice (entre nós carinhosamente chamada de cabeça chata ou cabeça de cuia), merece vários troféus, de tolerância, de paciência, de calma, de compreensão, etc, etc, etc. O pai é atencioso, responsável e presente. Um dos filhos, Chiquinho, já trintão, até hoje não larga a barra da calça do pai. O outro, Gleidson, se fez independente pelas circunstâncias. Filho mais velho, Ribeiro é muito querido por dona Brígida e seu Ribeirinho, de quem herdou, como eu, a veia de comunicador. A reciprocidade é verdadeira, os velhos têm por ele muito carinho.
Irmão meio disperso, meio distante, mas quem não se incomoda com seu jeito e respeita sua personalidade não tem problema nenhum com ele, ao contrário, a gente se diverte muito com suas “pataquadas”. Eu, especialmente, devo-lhe muito. Foi quem me trouxe para Feira de Santana. Primeiro, pediu a Dilton Coutinho que me levasse para o Fluminense de Feira. Fui jogar futebol, que só não deu certo porque estourei o menisco em dividida em um treino com Jorge Fumaça, saudoso atacante do Fluminense de Feira. Depois, me apresentou para estágio a Zadir Porto, na Rádio Sociedade. Então, seu apoio foi fundamental para que eu pudesse vencer nesta grande cidade.
Iniciei essas linhas no dia do aniversário dele. Mas apenas agora, no horário do almoço deste 6 de janeiro, consigo conclui-las. Publico-as nesse espaço interativo para que os seus amigos – e eventuais inimigos, pois não estamos livres de angariá-los, mesmo não sendo de nossa vontade –possam conhecê-lo um pouco mais.
José Ribeiro Ribeiro é um homem como todos nós, pecadores, mas temente a Deus. Talvez o que o diferencie de muitos é o seu bom coração, o que considero mais importante nesta vida. Os defeitos tentamos corrigir ao longo de nossas trajetórias. Alguns a gente vence, outros não. Nenhum problema. Ao nos arrependermos verdadeiramente, somos perdoados por nossos erros, senão por nossos semelhantes, pelo Criador, que é na realidade o que tem significado. A você, José dos Santos Silva (nome de batismo), ou “Cabelo”, Jota Ribeiro, José Ribeiro, Dé de Bregida, Ribeirinho (filho), ou simplesmente Dé, longa vida. E obrigado por tudo.
Dois dos meus cinco irmãos – seriam uns 15, ou mais, no total, não houvessem morrido alguns com meses de vida e outros tantos de “perca”, coitada da minha mãe – fazem aniversário muito próximo, um do outro. Geovani, de quem falei brevemente em minha última aparição no face, completou mais um ano de vida dia 24 de dezembro. José Ribeiro, primogênito e único barrigudo do grupo, emplacou acho que 52, agora, dia 2 de janeiro.
Nessa data para muitos festiva, ele não quer saber de bla, bla, bla. Agradece a Deus por mais um ano de sex... ops, de vida, quis dizer. Deve ter passado a data natalícia embrenhado mato a dentro, lá pela zona rural de Serrinha. Desbravar matagais, descobrir bares, restaurantes e fazer “otras cositas mas” no meio da caatinga é uma
das especialidades do filho de Queimadas do Curral.
José Ribeiro, o radialista, iniciou a carreira na ex-Difusora, hoje Continental, a mais antiga emissora da região sisaleira. Lá onde também começou o meu pai, o violeiro e apresentador de programas sertanejos Ribeirinho. Zé Ribeiro começou como operador de áudio e por lá fazia as mixagens do dominical “Difusora, Juventude e Embalo”, talvez o musical de maior audiência no rádio de Serrinha em todos os tempos.
Ele operava para o apresentador Edroaldo de Matos, hoje Aldo Matos, da Rádio Sociedade de Feira, o mais importante repórter policial da Bahia. Os dois firmaram uma sólida amizade. São muito parecidos, aliás, em temperamento e também no mulheril. É difícil saber qual deles “aprontou” mais em Serrinha naqueles tempos, quem mais jovens engabelou, entre outras disputas.
Em passagem aqui por Feira, Ribeiro esteve nos áureos tempos da Carioca, onde conviveu com os grandes nomes daquela emissora (Carlos Geilson, Wanderlito José, Jurandir Silva, entre outros), e na Rádio Sociedade, na “era Frei Orlando Bittencourt”, onde atuou com Antonio Carlos Cerqueira, Dilton Coutinho, Dilson Barbosa, Itajay Pedra Branca, Tanúrio Brito e companhia.
É do apresentador do “Acorda Cidade” a autoria do apelido “Bombinha”, rejeitado com veemência, diga-se de passagem, pelo valentense radicado em Serrinha. O nome, em si, ele até gosta. Mas vê como ofensa o diminutivo. “Bombinha o caralh...”, diz ele: “eu sou é bombão, gostosão, miseravão, o bom da boca; esse cara sou eu, meu irmao (sem o til, isso mesmo, assim ele pronuncia ‘irmão’ quando está empolgado, em seu programa de domingo). Negócio de bombinha, rapaix”. Assim mesmo, carregando em um ‘x’, é como ele gosta de falar a palavra rapaz. O cara é invocado.
Em Feira, deixou por um tempo o rádio, enveredou pelo ramo de capotaria (a velha Capotaria São Paulo, na avenida Canal, próximo a sinaleira, início da subida para o Sobradinho). Como não conseguia bater um prego sequer e pegar peso não é seu negócio, desistiu. “Pegar peso só mulher no colo; mesmo assim até no máximo uns 80 quilos”, afirma. Voltou para Serrinha, onde iniciou como locutor. Há pelo menos 20 anos, ancora programas de jornalismo e também apresenta musicais na Regional AM. Dono de grande audiência, sem dúvida é o nome mais popular da comunicação em toda a região do sisal.
Seu grande êxito no rádio é o dominical ”Arquivo Musical”, pela manhã, em que relembra sucessos do passado. É um dos maiores pesquisadores baianos da música dos anos 70 (nacional e internacional) e possui provavelmente o maior acervo pessoal do estado.
Falei um pouco do José Ribeiro radialista. Em breves palavras, diria que o Ribeiro boêmio é um famoso e incansável conquistador. Provavelmente coleciona o maior número de romances, namoros, casos, e tudo o mais que se possa relacionar no gênero em toda a região. De ninfetas a mulheres maduras, viúvas, comprometidas, castas ou liberais, não dispensou nenhuma. Gaba-se de jamais ter recorrido a qualquer estímulo medicamentoso, para seu apetite insaciável. Claro que, tudo isso, em sua época de solteiro. Era de uma ferocidade sem exemplo. Talvez tenha sido superado apenas pelo próprio pai.
O José Ribeiro jogador de bola foi um ambidestro voluntarioso, habilidoso, que atuava em várias posições (inclusive no gol). Muita raça, extraordinária força física, poderoso chute, o que o tornou goleador de arremates de longa distância no time de Betinho, maior estudioso do futebol e melhor técnico da história de Serrinha.
Marido, nunca foi lá muito devotado. Pelo contrário, a mulher dele, a cearense
Berenice (entre nós carinhosamente chamada de cabeça chata ou cabeça de cuia), merece vários troféus, de tolerância, de paciência, de calma, de compreensão, etc, etc, etc. O pai é atencioso, responsável e presente. Um dos filhos, Chiquinho, já trintão, até hoje não larga a barra da calça do pai. O outro, Gleidson, se fez independente pelas circunstâncias. Filho mais velho, Ribeiro é muito querido por dona Brígida e seu Ribeirinho, de quem herdou, como eu, a veia de comunicador. A reciprocidade é verdadeira, os velhos têm por ele muito carinho.
Irmão meio disperso, meio distante, mas quem não se incomoda com seu jeito e respeita sua personalidade não tem problema nenhum com ele, ao contrário, a gente se diverte muito com suas “pataquadas”. Eu, especialmente, devo-lhe muito. Foi quem me trouxe para Feira de Santana. Primeiro, pediu a Dilton Coutinho que me levasse para o Fluminense de Feira. Fui jogar futebol, que só não deu certo porque estourei o menisco em dividida em um treino com Jorge Fumaça, saudoso atacante do Fluminense de Feira. Depois, me apresentou para estágio a Zadir Porto, na Rádio Sociedade. Então, seu apoio foi fundamental para que eu pudesse vencer nesta grande cidade.
Iniciei essas linhas no dia do aniversário dele. Mas apenas agora, no horário do almoço deste 6 de janeiro, consigo conclui-las. Publico-as nesse espaço interativo para que os seus amigos – e eventuais inimigos, pois não estamos livres de angariá-los, mesmo não sendo de nossa vontade –possam conhecê-lo um pouco mais.
José Ribeiro Ribeiro é um homem como todos nós, pecadores, mas temente a Deus. Talvez o que o diferencie de muitos é o seu bom coração, o que considero mais importante nesta vida. Os defeitos tentamos corrigir ao longo de nossas trajetórias. Alguns a gente vence, outros não. Nenhum problema. Ao nos arrependermos verdadeiramente, somos perdoados por nossos erros, senão por nossos semelhantes, pelo Criador, que é na realidade o que tem significado. A você, José dos Santos Silva (nome de batismo), ou “Cabelo”, Jota Ribeiro, José Ribeiro, Dé de Bregida, Ribeirinho (filho), ou simplesmente Dé, longa vida. E obrigado por tudo.