A pele macia é uma das principais características de um bebê saudável. Por isso, os pais devem ficar atentos ao corpinho do pequeno, pois oleosidade ou ressecamento demais podem indicar algum problema. Além disso, ao notar a presença de bolinhas, rachaduras ou áreas avermelhadas na região do rosto, é possível que o bebê esteja com alguma reação alérgica ou irritação. “Muitas dermatites podem ser facilmente cuidadas em casa. Outras precisam de orientação médica e indicação de tratamentos específicos”, afirma o dermatologista Fernando Passos de Freitas (CRM-106.504).
Segundo o médico, é importante distinguir irritação de alergia após o surgimento de bolhas, manchas ou prurido na pele do bebê. “Geralmente, 80% das reações de pele são listadas como alergias, porém podem ser irritações específicas caracterizadas pelo aparecimento de lesões epidérmicas (camada superficial) e reações inflamatórias na derme (profunda). Já a alergia costuma ser comum em crianças que apresentam problemas respiratórios como bronquite e asma”, acrescenta.
A dermatite irritante e a de contato alérgica se manifestam de formas diferentes. A primeira é uma inflamação resultante do contato com ácidos ou materiais alcalinos como sabonetes, xampus, detergentes ou outras substâncias químicas. Já a dermatite de contato alérgica é causada pela exposição a uma substância ou material em que bebê é sensível ou alérgico, sendo que a reação pode surgir até 48 horas após o contato. “O bebê não apresenta ainda o sistema imunológico totalmente maduro, prejudicando o diagnóstico de uma reação inflamatória ou uma alergia simples. Porém, geralmente ocorre uma irritação que deixa a pele bastante avermelhada e com algumas pequenas vesículas”, destaca o dermatologista.
Alergia ou irritação?
Os sintomas de uma irritação caracterizam-se por inflamação vermelha e bolhas de águas que podem ser acompanhadas de coceira. A irritação costuma ser pontual e rápida. Já as reações alérgicas englobam sinais como coceira na pele, bolhas, inchaço, diarréia ou vômito, sendo que casos mais graves podem causar falta de ar, queda de pressão, desmaios e rouquidão. A reação alérgica pode durar dias. “Independente do diagnóstico, a criança precisa ser levada ao médico imediatamente para avaliação e tratamento adequados”, afirma o médico.
Como saber se o bebê é alérgico?
Em caso de suspeita, o melhor é eliminar as possibilidades. Se a mãe desconfia que o filho tem alergia à poeira, por exemplo, ela deve fazer uma faxina geral tirando cortinas do quarto, tapetes e mantas. Porém, sem ele estar em casa. Deixe-o com alguém de sua confiança para manter tudo em ordem e não lhe causar nenhum mal. “Se os sintomas melhoram,pode ser um bom sinal de que o bebê é atópico(alérgico)”, diz o dermatologista.
Aliás, as chances do bebê sofrer uma reação alérgica são grandes, principalmente se os pais apresentam algum tipo de alergia. E os pais precisam ficar atentos ao surgimento de bolinhas vermelhas na pele, espirros ou dificuldade para respirar. “Normalmente, as crianças atópicas apresentam tendência às irritações cutâneas mais que outras crianças em geral”, afirma.
Cuidados especiais com a higiene
Devido ao sistema imunológico do bebê ainda ser fraco, é fundamental apostar em hábitos de higiene rigorosos. “As mães devem se preocupar em manter sempre as roupas limpas, lavar as toalhas de banho e depois passá-las para eliminar bactérias. É importante evitar o uso de cobertores e roupas de lã. E as fraldas devem ser trocadas várias vezes ao dia para evitar que ocorra irritações ”, recomenda o médico.
• Algumas medidas podem evitar que o bebê sofra com alergias ou irritações. São elas:
• Na hora do banho, verifique a temperatura da água que deve ficar em torno de 37 graus.
• Dê preferência às toalhas bem macias, com tecido semelhante àqueles usados em fraldas de pano. Evite friccionar demais a toalha na pele do bebê, para não machucá-lo. Faça movimentos bem suaves, para retirar a umidade com o toque da toalha na pele e não com o atrito.
• Para combater as brotoejas que aparecem no corpo do bebê, o vista com roupas fresquinhas e evite lugares abafados para que o bebê não transpire em excesso provocando bolinhas alérgicas.
• Caso o bebê apresente pele seca e com rachaduras, use óleo de amêndoas após o banho para resolver o problema.
Verão e as alergias
O problema pode se manifestar na pele, devido ao contato com acessórios ou roupas. É comum haver reação pelo contato com níquel, material usado em colares, pulseiras e brincos. Não é raro haver pacientes que nunca tiveram reações alérgicas, no verão procurarem dermatologistas com reclamações de coceira, vermelhidão ou descamação. O calor faz as pessoas suarem mais e, o calor intensifica a absorção de substâncias alergênicas pela pele. Além disso, as roupas são mais leves, e por isso há mais contato entre pele e acessórios.
A alergia também pode ser causada por maquiagens e outros cosméticos.
No verão, em especial, a exposição excessiva ao sol pode provocar uma reação comumente confundida com alergia. São as brotoejas. Elas obstruem a passagem do suor e isso causa coceira, vermelhidão e até bolhas na pele. Parece uma reação alérgica.
As brotoejas, também chamadas de miliária, representam uma reação da pele ao calor excessivo, seja pela temperatura ambiente, febre, ou excesso de agasalhos, principalmente os de materiais sintéticos.
Elas ocorrem principalmente nas dobras de pele, mas também no tronco, por uma imaturidade das glândulas sudoríparas das crianças, que “entopem” facilmente quando produzem muito suor. “Podem entupir superficialmente e formar somente bolhinhas transparentes, quando são chamadas de miliária cristalina, ou um pouco mais profundamente, podendo inflamar e ficar vermelha. Neste caso ela se chama miliaria rubra”, explica a dermatologista Dra. Natalia Cymrot – CREMESP 84332
Existe até uma forma de miliária profunda, que ocorre quando há obstrução mais profunda do ducto da glândula sudorípara.
Para prevenir, deve-se evitar agasalhar excessivamente as crianças, principalmente no calor, evitar exercícios intensos e tratar a febre, para evitar o excesso de sudorese.
O tratamento se faz com pasta d´água, aplicada localmente várias vezes ao dia, ou com produtos que se assemelham a um talco líquido, e até loções contendo calamina. Em casos mais intensos, pode ser necessário o uso de anti-histamínicos orais, que ajudam a aliviar a coceira.Fonte:Uol