O Brasil parou ou pararam os candidatos à Presidência da República. Melhor entender que ambos pararam. Ou pararam os candidatos e o Brasil, pelas informações que se divulgam, na medida em que o País está andando para trás, como um Curupira, com imensas dificuldades na área econômica. Por ter no comandado ministros ruins. Ou Mantega é um gênio da economia? Creio que ninguém com bom juízo arriscaria tal disparate. A realidade é que foram divulgadas quatro pesquisas de intenção de votos no último fim de semana. A presidente Dilma Rousseff, em todos os cenários, ganharia no primeiro turno, embora tenha ficado, tomando como base as pesquisas do mês de novembro, entre 43% e 41%, com as variantes admitidas para mais ou para menos.
Se Dilma empacou, seus adversários conhecidos – ou desconhecidos de boa parte da população brasileira, – oscilaram na posição em que estavam ou caíram. Neves ficou melhor do que Eduardo Campos, que continua com a sombra de Marina Silva a perturbá-lo (ou não). Mesmo com uma gestão fraca, descendo a ladeira dia a dia no aspecto econômico e negociando com políticos dos principias partidos vantagens eleitorais, Dilma garantiu um “até aqui tudo bem”. Ou seja, caminha para emplacar a reeleição sem necessitar de uma segunda rodada, de um segundo turno.
Os candidatos de oposição, embora sem a visibilidade que a televisão garante, o que Dilma tem à larga, não somente porque usa para qualquer mensagem às vezes sem nenhuma necessidade, ou por ser presidente e seus passos são, como devem, acompanhados pela mídia, onde quer que esteja, como na semana passada quando foi ao Vaticano e ofereceu uma bola de futebol e uma camisa da seleção brasileira ao Papa Francisco. Consta que o Papa está organizando uma pelada com seus cardeais na Praça do Vaticano.
Deixando a chalaça de lado, é mesmo difícil presentear um Papa, principalmente a Francisco que é um homem que demonstra simplicidade em seus gestos e mão de ferro na correção dos sérios vícios da igreja católica, inclusive a pedofilia. Mesmo assim, Dilma não se esqueceu de deixar sua marca ao falar e derrapar sobre um assunto desinteressante como “o uso da mão de Deus” na Copa do Mundo ao lembrar (se é que não lhe sopraram antes) o gol de Maradona com a mão num jogo da Argentina contra a Inglaterra. Só ela e seus assessores riram. O Papa por educação, na medida em que não se pode, dentro do Vaticano, usar Deus como favorecedor de um lance irregular mesmo no futebol.
Pelas pesquisas citadas, a sucessão presidencial parece estar congelada o que é muito bom para a presidente. Imaginava-se que as dificuldades do País que se acentuam a cada mês pudessem influir nos resultados da consulta, mas, de certo modo, a pesquisa foi boa tanto para Dilma, que se tranquilizou, e para os seus adversários oposicionistas que serão obrigados, diante da luz vermelha, a tentar aparecer em público e gerar notícias com mais constância.
Ademais, depois do Carnaval teremos a quaresma e após este período o assunto será a Copa do Mundo e as preocupações com possíveis acontecimentos negativos. Em sequência virão os jogos, quando a política ficará inteiramente banida. Restarão, então, os meses de agosto e setembro para a propaganda eleitoral, e no início de outubro ocorrerá o primeiro turno. Mesmo com as pesquisas positivas para a sua candidata, Lula está preocupado. Já pensa – porque sabe que está tudo errado – que, se a presidente fizer novo mandato terá que mudar muito, principalmente escolhendo ministros com méritos para conduzir a economia, de sorte a inverter o processo de queda que o Brasil experimenta. Disse ele, nos últimos dias que o País necessitará crescer em percentuais muito maiores, retornando a sua escalada que o fez um dos emergentes de ponta e que, no momento, é considerado pelos demais países como vulnerável à crise que grassa no exterior.
Por ora, o Brasil conta com uma boa reserva (em dólares) externa, mas está perdendo na conta corrente, onde as importações são maiores do que as exportações e deixam um déficit perigoso. Alem do quê, o governo nos bons momentos que atravessou esqueceu-se da infraestrutura e hoje não tem como escoar a sua produção, enquanto a indústria sofre consequências notáveis. De qualquer maneira, o País continua a experimentar uma escalada no emprego, inclusive empregos formais, um dos grandes problemas dos países do primeiro mundo, principalmente dos Estados Unidos (que melhoraram um pouco) e das nações da zona do euro.
*Coluna de Samuel Celestino(Foto) publicada no jornal A Tarde desta terça-feira (25)