quarta-feira, 12 de março de 2014
Sem discurso, Dilma será exceção entre chefes de estado da Copa
A provável ausência de discurso da presidente da República, Dilma Rousseff, na abertura da Copa no Itaquerão representa uma exceção em edições da competição. A informação da Fifa é de que a programação da cerimônia, no momento, não prevê palavras nem da política, nem do presidente da federação, Joseph Blatter. Ainda há possibilidade de mudança até junho.
A federação internacional atribui o formato a uma decisão técnica. Mas Dilma desapareceu de estádios desde a vaia tomada no primeiro jogo da Copa das Confederações. A partir daí, os protestos contra o Mundial só aumentaram de tom, assim como caiu o apoio ao evento.
Um cenário bem diferente das últimas três Copas. Nessas edições, os chefes de estado fizeram discursos na abertura, inclusive em conjunto no caso do Japão e da Coréia do Sul. Blatter também falou, com exceção da Alemanha, onde não é muito popular.
Mais do que isso, chefes de Estado sempre aproveitaram a Copa para aparecer ao máximo para seus pares presentes. E a verdade é que o governo brasileiro prepara um verdadeira aparato de segurança para receber os poderosos dos outros países. Só que Dilma não poderá faturar inteiramente sem discurso.
Na Africa do Sul, o presidente Jacob Zuma foi um vedadeiro arroz-de-festa. Discursou no primeiro jogo do Mundial, na festa de abertura e até em um jantar de gala para seus pares. Até repassou mensagem do ex-presidente Nelson Mandela.
“Senhoras e senhores, nós, como país, aceitamos a honra de receber esse grande evento do mundo. A Africa está feliz. Essa Copa é da Africa. Declaro aberta (a Copa)'', exaltou-se no Soccer City antes do jogo de seu país. Blatter também falou.
Na Alemanha, em 2006, o então presidente Horst Koehler fez discurso curto: “Nós estávamos ansiosos de ver jogos excitantes, muitos gols e fair play. Talvez, o futebol possa trazer união às nações'', pediu, no estádio de Munique.
A primeira-ministra Angela Merkel foi até ao congresso da Fifa para prestigiar Blatter, que então ainda não tinha sido atingido pelo mar de acusações de corrupção na entidade. Por lá, ela afirmou que a federação internacional tinha responsabilidade social.
A cerimônia em Seul marcou um trégua na relação conflituosa entre a Coréia do Sul e o Japão, que eram rivais e dividiram a organização da Copa.
“Agora, inspirando uma nova era de paz e harmonia para todos, eu declaro aberta a Copa 2002″, disse o então presidente coreano Kim Dae-Jung. “Como testemunha da abertura da Copa-2002, em nome do povo japonês, gostaria de expressar, juntamente com o presidente, um caloroso boas-vindas a todos os povos do mundo'', completou o então primeiro-ministro japonês Junichiro Kuizum.
Uma demonstração de que o governo brasileiro também pretende ter uma festa com vários chefes de estado foi a compra pela polícia federal de 36 carros blindados para transportá-los. Cada um dos veículos tem custo aproximado de R$ 250 mil, em um gasto total de R$ 9 milhões.
Esse número de carros foi determinado segundo cálculos de eventos anteriores, como Alemanha e Africa do Sul. O que não esperava é que, ao contrário de outras Copas, a anfitriã tivesse que se esconder do público. A assessoria da presidência da República não quis se pronunciar sobre o assunto nesta terça-feira.