Dormir mal e ainda roncar, ninguém merece. Para fazer com que a solução desses problemas não seja encarada como algo sonhador, um aparelho desenvolvido pela doutoranda em biotecnologia pela Ufba, Kenya Felicíssimo, pode trazer o sono dos justos para quem tem o incômodo ou para quem dorme ao lado. O produto usado intraoral (por dentro da boca) – que já recebeu o Prêmio Inventor Independente em 2010 – está em fase de finalização e pode chegar ao mercado no ano que vem. "Estamos finalizando o desenvolvimento dele e negociando com empresas interessadas em fabricá-lo em escala industrial", relata ao BN a única cirurgiã-dentista na Bahia com certificação em Odontologia do Sono, emitida pela Associação Brasileira do Sono (ABS). A previsão é que o aparelho chegue ao consumidor por R$ 60.
Nesta segunda-feira (24), ainda no Mês Mundial do Sono (março), Kenya fará palestra gratuita na Livraria Cultura, Salvador Shopping, às 19h, e enfocará o tema. “Vamos falar também sobre tratamento, causas e consequências direcionadas ao público leigo”, antecipa. Segundo a especialista, roncar não é normal em nenhuma idade, o que inclui crianças. “Quando é uma ou até duas vezes na semana não é tão grave, mas quando se torna frequente tem de tratar", adverte a especialista. Kenya explica também que enquanto nos adultos a falta ou o sono mal dormido causa cansaço e irritabilidade, nas crianças tem como consequência a hiperatividade. "Elas ficam agitadas e apresentam dificuldades de se concentrar na escola, o que prejudica o aprendizado", alerta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população mundial dormem mal, com dificuldade de ter de seis a oito horas de sono consecutivas. Assim, segundo a profissional, insônia, ronco e apneia (parada respiratória momentânea) se tornaram distúrbios comuns na sociedade, muitas vezes negligenciados. “Não é todo mundo que chega numa roda de amigos e expõe que ronca”, diz.