A venda dos ingressos para o Ba-Vi decisivo do Baianão para quem não é sócio do Tricolor, nesta sexta-feira, 11, na Fonte Nova, ocorreu como já era esperado: muita procura e filas desde as 17h do dia anterior.
Mas, para a maioria dos fanáticos que ignoraram esse prognóstico e foram atrás do bilhete, passar por tanto aperto não valeu a pena. Os 1.600 ingressos - referentes à metade dos 10% da capacidade de Pituaçu destinados para a torcida visitante - começaram a ser vendidos às 8h20 e, uma hora depois, já estavam esgotados.
A saída para alguns foi justamente a mais temida pelas autoridades: ir até o estádio de Pituaçu e garantir a entrada da torcida anfitriã, do rival Vitória. Foi o caso da estudante Camila Ohana, 17. A garota, que saiu de Simões Filho e chegou à Fonte ainda na noite de quinta, viu os bilhetes terminarem quando chegou a sua vez na fila. "O que eu posso fazer? Agora vou ter que comprar o ingresso do Vitória. É invasão tricolor no 'Pituaço'!", bradou, indignada.
Ela não foi a única a ter a ideia. A reportagem de A TARDE esteve na bilheteria de Pituaçu na manhã de ontem e interrogou quem comprava os ingressos. Em duas horas, apareceram 20 torcedores do Bahia e apenas três do Rubro-Negro.
Os estudantes Wesley Santos, 18, e Mateus Costa, 18, estavam entre eles. "Fomos à Fonte Nova mais cedo e não achamos nada. O único jeito foi garantir o ingresso da torcida do Vitória, mesmo", explica Wesley, que promete se comportar para não gerar confusão: "Vamos ficar pianinhos. O jeito é esperar o jogo acabar e comemorar do lado de fora".
O sócio do Tricolor Reinaldo Andrade segue a mesma linha. "Não vou comemorar gol nenhum, nem dar um pio no meio da torcida deles! Mas, quando acabar, vou me misturar com a Bamor do lado de fora e aí vai ser só festa!", conta ele.
Antes de comprar seu ingresso em Pituaçu, Reinaldo passou pelo Shopping Capemi, onde estavam sendo vendidos os outros 1.600 ingressos reservados para os associados. Lá, as filas também começaram no dia anterior, às 20h. Os guichês abriram às 9h e o ritmo era mais lento, com cerca de 150 bilhetes vendidos por hora. "Cheguei cedo, mas soube que teve gente que tinha dormido lá... Aí, vim para Pituaçu garantir meu ingresso, né?", argumenta Reinaldo.
Os sortudos
Mas houve também quem saiu aliviado da Fonte Nova. O montador de móveis Marcos Vinícius Magalhães encarou a fila de muletas, por conta de um fêmur deslocado. O rapaz chegou às 18h da quinta. Não comeu, não dormiu, mas saiu sorridente e pulando numa perna só. "Nem acredito que consegui. Pelo Bahia vale tudo!", comemorou.
Os estudantes Alisson Santos e Josean de Jesus eram só alegria. "Cheguei às 19h de ontem. Teve muita gente empurrando e tentando furar a fila, mas conseguimos guardar o lugar", disse Alisson, que não foi o único a reclamar da organização. Muitos torcedores, até mesmo os que saíram com os ingressos, se queixaram de pessoas que passaram à força na fila.
A ação dos cambistas também foi notável. Quem saía da bilheteria com o ingresso recebia ofertas de até R$ 80 pelo bilhete, que custa originalmente R$ 40, a inteira. Outros que já tinham a entrada pediam até R$ 100 por ela.
Apesar das reclamações, a Polícia Militar salienta que a venda se deu sem ocorrências graves. "Já era esperado esse volume de gente, por isso tivemos policiais desde a noite de quinta e reforço da tropa pela manhã", disse o major Ricardo Mattos, das Rondas Especiais (Rondesp).
O comandante não negou a atividade dos cambistas. "Ficamos concentrados na organização da fila, e posso garantir que não houve ocorrência disso na fila", afirmou.
Colaborou Ricardo palmeira