Disponíveis em abundância durante todas as épocas do ano no Brasil, as frutas são fontes de vitaminas, minerais, fibras, carboidratos e outras substâncias essenciais para a saúde. Mas as propriedades nutricionais não são as mesmas para todas as espécies. Cada uma tem uma especificidade, o que torna importante conhecê-las para tirar proveito desse arsenal médico natural.
Como ressalta a nutricionista Camila Gracia, do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo (SP), as populações com uma ingestão adequada não só de frutas, mas também de verduras e legumes, adoecem menos e são mais longevas.
Por isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o consumo de 400 g do alimento por dia para prevenir a obesidade e outras doenças crônicas. Essa quantidade pode ser fracionada em três porções, sendo que uma porção equivale a um cacho de uvas, uma banana nanica ou uma fatia média de melancia, aproximadamente. Mas os brasileiros, de maneira geral, estão longe de seguir a orientação médica.
Segundo a nutricionista Erica Lie, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP), muitos comem apenas uma única fruta por semana ou mesmo por mês, em casos mais críticos.
Formas de consumo
A fruta deve ser consumida preferencialmente em seu estado natural. Apesar de os sucos representarem uma alternativa para incorporar o alimento à dieta, é preciso ter cuidados. Especialmente quando o liquidificador é utilizado, as fibras podem se romper durante o preparo.
O cuidado se justifica porque essas estruturas estão entre as mais apreciadas nas frutas. As fibras insolúveis, encontradas na casca de algumas variedades, auxiliam no equilíbrio das taxas de colesterol, favorecem a flora intestinal, ajudam no controle da diabetes e ainda promovem a sensação de saciedade.
As solúveis, por sua vez, reduzem o colesterol ruim, regulam os níveis da glicose no sangue, previnem o câncer de cólon e favorecem os movimentos peristálticos do intestino. Elas são encontradas, por exemplo, no bagaço da laranja, como explica Lie. Considerando os benefícios que elas oferecem, desperdiçá-las significaria obter menos vantagens nutricionais.
Outra opção de consumo são as compotas, um dos mais antigos métodos de conservação de alimentos, como lembra Gracia. A nutricionista explica que há uma pequena perda de vitaminas, mas sua maior desvantagem é a adição de açúcares.
As geleias também têm o mesmo problema, o que poderia ser contornado com a supressão do ingrediente. Mas ainda assim ela não se compara com a fruta in natura, pois uma parte das fibras e das vitaminas também pode se perder durante o preparo.
O congelamento, que não é exatamente uma forma de consumo, mas de conservação, é indicado pela nutricionista do HCor. Há pouco desperdício de nutrientes e o recurso possibilita a ingestão regular de espécies sazonais, como é o caso do morango.
Não é remédio
Apesar da utilidade das frutas na prevenção de diversas doenças, no fortalecimento do sistema imunológico e na regulação de vários processos, para citar alguns dos benefícios, elas não podem ser encaradas como remédios. "Não é porque uma fruta tem determinada vitamina ou um certo antioxidante que ela passa a ter todo esse poder de prevenção e tratamento", aponta Gracia.
A ingestão desses alimentos deve fazer parte de uma dieta equilibrada e de um estilo de vida saudável. "Também não compactuo com a ideia de que uma fruta específica seja boa pra isso ou para aquilo. Os efeitos são obtidos com o equilíbrio alimentar, sempre", comenta a nutricionista Raquel da Luz Dias, professora da Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
O segredo, portanto, está no consumo regular, dentro de um estilo de vida saudável, e na combinação de várias frutas. E o conhecimento dos benefícios nutricionais que cada uma oferece é essencial para esse último elemento.Fonte:Marina Kuzuyabu
Do UOL, em São Paulo