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Líder na pesquisa com 42%, Souto disse que os números refletem a insatisfação do eleitorado com a atual gestão e o desejo de mudança. “A nossa interpretação é que a pesquisa está confirmando o que nós temos observado nessas viagens de pré-campanha pela Bahia”, disse.
Para o democrata, nem mesmo a demora para definir a chapa de oposição interferiu no resultado. “Criou-se tanta expectativa e durante muito tempo isso dominou o noticiário, que o desfecho positivo, no sentido de que os partidos entraram em acordo, acabou sendo favorável”, avaliou.
A candidata do PSB, Lídice da Mata, que aparece com 11%, também comemorou o resultado. "Para mim é motivo de comemoração, porque ainda estamos começando a campanha. Tivemos Paulo Souto tendo que esperar para ser ungido pelo prefeito (ACM Neto). O outro (Rui Costa) foi ungido pelo governador. Fui a única que não tive comandante”, disse, embora sua candidatura tenha sido lançada pelo presidenciável do PSB, Eduardo Campos.
Terceiro colocado, com 9%, Rui Costa foi procurado pelo CORREIO, mas não atendeu às ligações. Por nota, o coordenador da campanha do petista, Carlos Martins, minimizou os números do Ibope. Ressaltou que Rui ainda é pouco conhecido, enquanto Paulo Souto já foi governador duas vezes e “é conhecido por quase 100% do eleitorado”. Ele citou a eleição de 2006, quando Jaques Wagner venceu, contrariando todas as previsões do Ibope, que apontavam a vitória de Souto.
Presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação comparou a candidatura de Rui Costa à da presidente Dilma em 2010. “Ela era uma desconhecida, diziam que era poste de Lula. Agora ela está aí, com 50% dos votos”, disse, sobre as preferências do eleitorado baiano para a disputa presidencial, também apontada pela pesquisa, em que Aécio Neves (PSDB) aparece com 12%, e Campos, com 7%.
Segundo o dirigente petista, o partido vai monitorar o movimento do eleitorado, mas ainda não cogita encomendar pesquisa para medir o termômetro da sucessão.
Avaliação
A pedido do CORREIO, dois especialistas analisaram os números do Ibope e chegaram à mesma conclusão: o desconhecimento de Rui Costa e o desgaste do governo Wagner colaboraram para o resultado. “Não que Wagner tenha puxado Rui para baixo, porque Rui nunca esteve em cima. Wagner puxa para cima, mas como ele desgastado, não se sabe até onde vai conseguir puxar”, disse o cientista político Jorge Almeida, professor e pesquisador da Ufba.
Por outro lado, Almeida destacou que esse desgaste não influenciou os resultados de Dilma. Para ele, a presidente, ao contrário de Rui, não precisa ser alavancada pelo governador. Pelo contrário. “Aqui na Bahia, toda campanha tem como carro-chefe Lula e Dilma. Somos o estado onde tem mais Bolsa Família, mais financiamentos para pequenos produtores. Isso ainda vai ser trabalhado no período eleitoral”, projeta.
Para Almeida, à medida em que a campanha ganhar as ruas e a TV, deve-se notar um avanço de Rui nas pesquisas. No caso de Souto, Almeida acredita que a união das oposições deu força simbólica ao democrata. “Mostrou capacidade de disputa política”, sintetizou.
O também professor de Ciência Política da Ufba Joviniano Neto acredita que o candidato do DEM pode estar capitalizando o sentimento de insatisfação com o PT na Bahia. Por outro lado, o bom momento do prefeito ACM Neto (DEM) influenciou o resultado da pesquisa.
“Neto reativou a memória do carlismo, inclusive a capacidade de fazer coisas. E o carlismo também é associado a uma ideia de mais rapidez e dureza nas decisões, sobretudo em segurança, que é um dos calos do governo Wagner”, avaliou. Outro ponto importante é que Souto já foi governador duas vezes e, por isso, é o candidato mais conhecido até o momento.
“Lídice também tem um recall (desperta a lembrança). Foi prefeita e é senadora. E Rui nunca concorreu a uma eleição majoritária. Ainda está sendo construído como candidato”, explicou.
Ibope
O diretor regional do Ibope Inteligência, Maurício Garcia, explicou que a amostragem de 1.008 pessoas é suficiente para determinar um retrato do momento.
“Não é isso que pesa, é a qualidade da amostra. Temos um controle da amostragem que considera as questões demográficas, perfis de sexo, idade, grau de instrução, região do estado e ramo de atividade”, disse.
“A pesquisa está bem costurada à população eleitoral da Bahia, com uma margem de erro de três pontos”, afirmou. “A campanha ainda não começou, só em junho. Mas esse é o cenário de hoje”, acrescentou Garcia. Para ele, o cenário deverá mudar nos próximos meses. “É loucura alguém pensar que (o resultado atual) se reflita (do mesmo jeito) em outubro. É raro terminar exatamente do jeito que começou”, destacou.Fonte:Correio da Bahia
