A uma plateia lotada de prefeitos no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff se defendeu nesta terça-feira (6) das críticas sobre a desaceleração da economia afirmando que, em compensação, houve aumento da renda e diminuição da desigualdade.
"Nos últimos 12 anos, tivemos uma imensa aceleração da renda no país, tanto em termos do aumento da renda como diminuição da desigualdade. Todos ganharam, mas ganhou mais quem tinha menos", disse em uma cerimônia em que anunciou a liberação de R$ 2,8 bilhões para obras de saneamento em 635 municípios com até 50 mil habitantes.
"Ocorre que, nesse ganhar, a renda cresceu muito, a uma taxa muito superior ao crescimento dos serviços e é por isso que temos de acelerar os serviços", continuou a petista.
Ao comentar o assunto, ela cometeu uma gafe ao dizer que estava "sofrendo" das decisões tomadas no período Lula. Dilma prontamente se corrigiu e afirmou que estava se "beneficiando".
"Daqui a três anos o Brasil será melhor que o de hoje, porque hoje já estou sofrendo, me beneficiando das decisões tomadas no período Lula, e daqui para a frente estarão se beneficiando das decisões tomadas agora", completou.
Ela acrescentou que se "orgulha" dos R$ 37,8 bilhões investidos pelo seu governo em saneamento.
Dilma faz o anúncio em meio a uma queda nas pesquisas eleitorais, com uma arrancada mais forte da oposição. Na última quinta-feira (1º), ela anunciou a correção da tabela de Imposto de Renda e um reajuste de 10 por cento nos benefícios do Bolsa Família, duas medidas com impacto nas contas fiscais do país.
Na última pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), realizada pelo instituto MDA, Dilma caiu 6,7 pontos percentuais em relação à anterior, com 37,0% ante 43,7% em fevereiro.
Se a eleição fosse hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) receberia 21,6% (contra 17% na pesquisa anterior). O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) oscilou para cima dentro da margem de erro (de 2,2 pontos percentuais), passando de 9,9% em fevereiro para 11,8%.
Os recursos anunciados hoje, oriundos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que é vinculada ao Ministério da Saúde, fazem parte da terceira etapa das ações de saneamento do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). Serão atendidas 5,3 milhões de pessoas.
Das cidades que receberão as verbas, 239 são do Nordeste; 131, do Sudeste, 69, do Centro-Oeste; 65, do Norte; e 131, do Sul.
Na cerimônia, Dilma estava acompanhada do vice-presidente, Michel Temer, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), além dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Arthur Chioro (Saúde), Miriam Belchior (Planejamento), Gilberto Occhi (Cidades), Edison Lobão (Minas e Energia) e Thomas Traumann (Comunicação Social). Senadores e deputados também participaram do evento.
A presidente voltou a repetir que investimentos em saneamento não são "politicamente valorizados" por estarem "enterrados em tubulações", mas que considera essa análise um "absurdo". "O investimento enterrado em tubulações não era politicamente valorizado, o que é uma questão absurda na medida em que é visível na mortalidade infantil, na qualidade de vida, na civilidade do país", argumentou.Fonte:Uol