Cidade das Artes, Rio de Janeiro. A imaginária pistola de partida é acionada, autorizando a largada. Diante de uma plateia de autênticos campeões – os 500 jovens medalhistas da nona edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – Dilma Rousseff se põe na pista com um sprint fenomenal:
“Eu gostaria inicialmente de comprimentá a cada um dos medalhistas de ouro e a cada uma das medalhistas de ouro”.
Sua próxima meta é revisar o pétreo artigo 5 da Constituição, que passará a ser escrito: “Todos e todas são iguais perante a lei”.
Mas já nas primeiras passadas, ela deixa claro que serão, como sempre, 100 metros de ideias rasas:
“Dizer para vocês que este é um momento especial pra vocês, para a família de vocês e pro Brasil. E isso significa que nós temos um grande orgulho e por isso eu estou aqui. Por isso, como presidenta da República, eu represento este país que quer, que tem ânsia, que deseja que a educação seja o principal caminho dos jovens, das crianças, dos homens e das mulheres deste país”.
Ânsia tem a ver com a vertigem produzida pelo tropel de palavras tontas que correm para um lado, enquanto o país real vai para outro: a Economist Intelligence Unit acaba de divulgar um ranking da qualidade da educação em 40 nações pesquisadas. O Brasil, há 11 anos e meio governado pelo lulopetismo, é o 38º colocado, só à frente de México e Indonésia – e vem se esforçando, nesse período, para ser o lanterninha.
Mas a matemática pode ser nossa redenção.
“Porque a matemática, ela tem um poder muito interessante. Ela é a base de todas as ciências, ou seja, a matemática pode ser usada em todas as áreas da ciência. Pode também… é um elemento fundamental para que nós tenhamos capacidade e melhor condição de usar isso que nos distingue, que é o conhecimento e que é a aplicação da lógica e de todos os recursos que a matemática pode trazer para o país”.
Explicar a matemática em dilmês é um problema insolúvel. Mas ok. Só que, no caso da refinaria de Pasadena, a matemática foi ingrata e nos roubou recursos. Mas a presidente continua uma entusiasta do raciocínio lógico, filho da aritmética.
“Por isso, esse ano, não na formatura de vocês, mas a próxima edição, será a 10ª edição, essa foi a 9ª, a próxima, de 2014, que vamos nós vamos fazer em 2015, será a 10ª. É algo que nós devemos considerar como sucesso”.
Sim: um sucesso o 10 vir depois do 9, num país onde o PAC 2 vem antes da conclusão do PAC 1.
Mas é aos 31min47s da prova que – na linguagem dos maratonistas – Dilma bate no muro.
“Nós somos um país excepcional. Nós somos 201 milhões de brasileiros. É pouco, pouco pro tamanho do território. Cês olham só a Índia e a China, uma tem 1 bilhão e 300 mil pessoas, pessoas, a outra tem 1… Um trilhão, aliás, não é? Não, é um bilhão, 1 bilhão e 850 mil, que é a Índia. Cinquenta milhões (sopro), obrigada, tão ótimos hoje”.
Na linha de chegada, não foi difícil constatar que qualquer um dos 500 adolescentes ali presentes sabe mais matemática, geografia, português e lógica do que a presidente da República – que não domina sua própria língua e que, num lampejo, criou um país habitado por mais de um trilhão de habitantes. Ninguém no mundo havia pensado nisso antes, nem como ato falho.
Pensando bem: uma tremenda injustiça a má colocação da Educação brasileira no ranking da Economist.Fonte:CELSO ARNALDO ARAÚJO(Veja)