sexta-feira, 9 de maio de 2014
Justino Junior:"Representantes do povo já não tem mais o saudável sentimento que impulsiona o ato cívico de votar."
Nesta jornada em busca do aperfeiçoamento da nossa limitada condição humana, somos orientados desde a infância, a aprender a vencer obstáculos, buscando os meios mais práticos para atingir nossos objetivos. Entretanto, há quem leve este pragmatismo ao exagero, usando de meios nada éticos para alcançar suas metas, deixando de lado quaisquer escrúpulos, ultrapassando adversários de maneira desleal, burlando leis e regras, o que lhes facilita o acesso ao poder, deteriorando os valores de uma ética orientada para viabilizar a evolução dos conceitos morais da sociedade humana.
A classe política é hoje, um exemplo nítido de decadência moral, quando muitos de seus representantes, imediatistas, egoístas e egocêntricos, pouco se importam com o futuro da comunidade onde vivem. Querem o “aqui e agora” a todo custo, usufruir ao máximo das boas coisas que o poder lhes proporciona, nem que para isso tenham suas imagens desgastadas perante a opinião pública, o que resulta no total descrédito nas instituições, pelos cidadãos desiludidos. Um povo que viveu mais de vinte anos sob uma ditadura militar, hoje tentando aprender a exercer seus direitos democráticos restabelecidos, diante dos abusos e escândalos praticados pelos ditos “representantes do povo”, já não tem mais o saudável sentimento que impulsiona o ato cívico de votar.
E torna-se paradoxal falar em igualdade de direitos democráticos, quando fazemos a seguinte pergunta: será que os direitos de um indivíduo corrupto, rico e influente, rodeado por um batalhão de advogados, são iguais aos de um pobre assalariado, dependente da demorada e burocrática assistência jurídica pública? Teoricamente sim, mas, na prática, não é o que se vê. Aí, fica difícil acreditar que “todo poder emana do povo”. O cidadão sente-se cada vez mais, lesado, ludibriado, e não acredita mais que seus problemas imediatos possam ser resolvidos pelas instituições públicas, tornando-se assim um alvo fácil ao assédio de facções criminosas, mormente os jovens, cujas mentes em desenvolvimento, tornam-se terreno fértil para a implantação de idéias criminosamente deturpadas.
Entretanto, tais abusos despertam o sentimento de revolta, a busca desesperada por mudanças que inexoravelmente, levam a atos de violência contra a falência moral das instituições, resultando às vezes, em revoluções justificáveis pelo seu caráter modificador, mas que nem sempre atingem seu real e sincero objetivo. Acabam sendo “adaptadas” pelos poderosos espertalhões oportunistas sem caráter de sempre, que em momentos extremos usam seu prestigio político, seu jogo de cintura, para atuar em áreas diversas através de subornos, “favores” e manipulação de parte da mídia, para aparecerem como “líderes de movimentos revolucionários”. Ainda assim, nada muda, nada evolui se não houver protestos, passeatas e manifestações diversas. Mesmo que em certos momentos causem espanto, têm que continuar ou seremos sempre enganados pelos corruptos “históricos”, que agora pressionados, sentem-se forçados a aprender a ouvir o clamor de indignação e revolta que ecoa nas cidades.
Viva ao povo brasileiro, em breve contribuiremos com matérias interessantes, participe: justino.oliveira@bol.com.br.