O histórico das demais Copas do Mundo disputadas em países sul-americanos já indicava que as seleções do continente poderiam se destacar neste ano, no Mundial do Brasil. Nas quatro edições do torneio realizadas na região antes de 2014, foram quatro campeões, dois vices e dois terceiros colocados sul-americanos. Esse retrospecto extremamente positivo para os anfitriões e seus vizinhos tem se confirmado, pelo menos por enquanto. Entre as dez equipes já garantidas na próxima fase da competição, cinco são sul-americanas: Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia e Chile. O continente tem vaga assegurada desde já nas semifinais – e a seleção brasileira pode enfrentar uma fase eliminatória com clima de Libertadores até chegar entre os quatro melhores do torneio. Se passar pelo Chile, no sábado, em Belo Horizonte, a equipe do técnico Luiz Felipe Scolari encara o ganhador da dura partida entre Colômbia e Uruguai, que jogam no mesmo dia, no Rio de Janeiro.
Primeiro colocado de seu grupo, o Brasil encontrará um time que eliminou a atual campeã, a Espanha, num dos grupos mais difíceis do torneio. Caso seja o vencedor no sábado, terá pela frente outra líder de grupo, a Colômbia, ou o segundo colocado do chamado grupo da morte, o Uruguai (que sobreviveu ao tropeço na estreia, contra a Costa Rica, para ajudar a despachar mais dois europeus que integram o clube dos campeões mundiais, Itália e Inglaterra). São todos velhos conhecidos dos brasileiros: além dos numerosos confrontos com os vizinhos na história centenária da seleção, é preciso lembrar que os chilenos, uruguaios e colombianos estão todos na lista de adversários recentes do Brasil. Nos últimos quatro anos, incluindo a Copa passada, o Brasil encontrou três vezes com o Chile (duas delas no ano passado), uma com o Uruguai (em 2013) e uma com a Colômbia (também na última temporada). A seleção está invicta no retrospecto recente contra esses rivais: foram três vitórias e dois empates (com Chile e Colômbia).
No páreo - Do outro lado da chave na fase eliminatória da Copa deverá ficar a Argentina, que tem tudo para garantir o primeiro lugar do grupo nesta quarta-feira, contra a Nigéria – com 100% de aproveitamento até agora, a equipe do craque Lionel Messi só perde a liderança caso seja derrotada pelos nigerianos. Se isso ocorresse, ela poderia estender a sequência de duelos regionais: Brasil e Argentina poderiam se cruzar na semifinal. O mais provável, contudo, é mesmo o avanço dos argentinos no outro lado, em que já estão garantidas duas equipes europeias (Holanda e Grécia) e duas representantes da Concacaf, a confederação das Américas Central e do Norte (México e Costa Rica). Há mais um sul-americano no páreo, o Equador, que decide seu futuro nesta quarta e vive uma situação complicada: para avançar, precisa pontuar contra a França, que faz uma ótima Copa, no Maracanã, ou torcer por um tropeço da Suíça, a terceira colocada no grupo, contra a já eliminada seleção de Honduras.
Mesmo com essa campanha apenas mediana dos equatorianos, o balanço da participação sul-americana até agora é excelente: foram doze vitórias, um empate e três derrotas, com 21 gols marcados. Os melhores números são os da Colômbia, com aproveitamento máximo (nove pontos em três partidas) e nove gols a favor (sofreu só dois). No Mundial passado, também disputado no Hemisfério Sul, os representantes do continente também fizeram bom papel, com todos os seus cinco classificados (Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai) avançando à segunda fase. Na África do Sul, assim como neste ano, o Brasil e o Chile duelaram logo nas oitavas (com vitória brasileira por 3 a 0). Com os chilenos eliminados, os sul-americanos participaram dos quatro duelos das quartas de final, mas só o Uruguai, que despachou Gana, foi semifinalista (o Brasil perdeu para a Holanda, a Argentina foi goleada pela Alemanha e o Paraguai caiu para a Espanha, que seria a campeã). A América do Sul não conquista a Copa desde 2002, quando o Brasil foi. Antes, o próprio Brasil (em 1994) e a Argentina (em 1978 e 1986) ergueram a taça. Se um sul-americano levar o troféu neste ano, a disputa com os europeus ficará empatada: dez títulos para cada continente.