A presidente da República Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, afirmou que o mensalão petista "tem dois pesos e 19 medidas" durante a sabatina realizada nesta quarta-feira (28) pelo UOL, pela "Folha de S.Paulo", pelo SBT e pela rádio Jovem Pan.
Ao ser questionada sobre corrupção no governo, a presidente comentou que o mensalão tucano não foi julgado.
"Da relação com o PT, tem dois pesos e umas 19 medidas, pois o mensalão foi julgado e o mensalão mineiro não foi. No nosso caso, nós tomamos todas as providências, não tivemos nenhum processo de interromper a Justiça, não pressionamos juízes nem engavetamos denúncias", declarou.
Durante o julgamento do mensalão do PT pelo STF (Supremo Tribunal Federal), ex-dirigentes petistas, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente da sigla José Genoino, foram condenados.
No caso do mensalão tucano, a Procuradoria Geral da República acusou o então governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo de usar recursos públicos para financiar sua campanha à reeleição em 1998. Ele perdeu a disputa para Itamar Franco. Ao renunciar ao mandato de deputado federal neste ano, o processo contra Azeredo foi remetido à Justiça de Minas Gerais e não será mais julgado pelo STF.
A presidente disse ainda que os governos do PT tomaram as principais medidas para combater a corrupção no país e afirmou que apenas nas gestões petistas políticos de alto escalão envolvidos em esquemas de corrupção foram condenados.
"Demos autoridade para a Controladoria Geral da União e demos todos os instrumentos para ela atuar. Transformamos a prática da Polícia Federal numa prática investigativa respeitável. Criamos o Portal da Transparência, aprovamos a Lei de Acesso à Informação (...) Nomeamos um Ministério Público de forma independente e fomos o único governo que, na sua gestão, teve pessoas condenadas", afirmou Dilma.
Antes, a mandatária afirmou que "os homens e as mulheres não são os virtuosos" e "quem tem de ser virtuosos são as instituições", para evitar tentativas de corrupção.
A presidente afirmou que seu governo foi responsável pela regulamentação de convênios com ONGs e de uma nova tipificação administrativa. "Nós fizemos o processo todinho, o que a CGU (Controladoria-Geral da União) considerava não-conformidade vai estar fora da legalidade", defendeu.
Dilma desconversou quando foi perguntada se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não fez o mesmo durante sua gestão. "Meu querido, você que tá dizendo isso", respondeu ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT.
Sobre as suspeitas de envolvimento do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT), que pediu demissão em 2011 após reportagens sobre um esquema de propina a ONGs ligadas à pasta, Dilma afirmou que "não necessariamente todas as inconformidades são fruto de má gestão no sentido criminoso da palavra". "Não vou concordar em chamar o ministro Lupi de um cara que fez mal feitos."
Durante a sabatina, que durou pouco mais de uma hora, a presidente falou ainda sobre inflação e crise econômica, criticou o banco Santander, que associou uma eventual vitória da petista a uma piora na economia e qualificou de "massacre" os ataques de Israel na faixa de Gaza. Ela disse ainda não se sentir "desgastada" com o episódio envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, quando a atual presidente chefiava o conselho de administração da Petrobras.