O ex-árbitro Armando Marques morreu na madrugada desta quinta-feira aos 84 anos de idade, vítima de um quadro grave de insuficiência renal, no Centro de Emergência Regional do Leblon, no Rio de Janeiro. Polêmico, ele foi presidente da Comissão Nacional de Arbitragem e protagonizou lances que geraram muitas discussões em alguns jogos que apitou na carreira.
Considerado como um dos principais nomes da arbitragem brasileira, Armando Marques apitou quase todas as decisões do Campeonato Brasileiro entre 1962 e 1973, além de finais estaduais como a do Paulistão de 1973, uma de suas maiores polêmicas.
O jogo entre Santos e Portuguesa foi para os pênaltis, e quando o time santista vencia por 2 a 0, mas a Lusa ainda tinha duas cobranças a fazer, Armando Marques encerrou o jogo e decretou a vitória do Peixe. Em entrevista ao Programa do Jô, em abril deste ano, o ex-árbitro falou sobre o episódio.
"Contei quatro como cinco. Para você ver a porcaria de economista que eu era", disse, em referência a sua formação. "Não entrava na minha cabeça que eu não vi o Pelé cobrar, como é que eu não vi? Eu devia estar meio louco aquele dia. De vez em quando isso acontece comigo, eu fico meio cachorro danado, aí é meio perigoso", contou Marques.
Nessa entrevista, aliás, dois meses antes da Copa, Marques cornetou o jovem Neymar, maior nome da seleção brasileira atual. "Ele é um bom jogador, mas não é tão bom quanto ele pensa. Porque Pelé só teve um. Eu desafio alguém que me diga outro Pelé, outro Garrincha", afirmou.
Marques definiu a carreira como marcada por alguns erros, mas fez uma restrição. "Eu nunca errei um impedimento, porque eu sempre ficava na linha do último defensor. Errei pênalti, errei gol, mas nunca errei impedimento".
Armando Marques foi chefe da arbitragem brasileira durante oito anos, e caiu em 2005, depois de não resistir aos escândalos que envolveram a manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro daquele ano, que culminou com a anulação de 11 jogos e acabou com as carreiras de Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.