Repórter Paulo José na Arena Castelão em Forlaleza para a cobertura do jogo Brasil x México, durante a primeira fase da Copa do Mundo.
Com cerca de 18 pessoas trabalhando na cobertura da Copa do Mundo 2014, realizada no Brasil, a rádio Sociedade de Feira de Santana é a única emissora do interior baiano envolvida na cobertura oficial do mundial de futebol.
Esta já é 9ª Copa do Mundo da Rádio Sociedade, que fez a primeira cobertura em 1982. Mas será que trabalhar nessa Copa é mais especial por ser realizada no Brasil? Para o coordenador da cobertura da Rádio Sociedade, Dílson Barbosa, a resposta é sim. Mas segundo ele, as dificuldades também são maiores.
“Essa Copa com certeza é especial por ser no Brasil. É a primeira vez que a gente experimenta uma Copa como essa. Quando a gente faz uma cobertura em outro país, por incrível que pareça, é mais fácil do que aqui. Lá fora encontramos um sistema de transporte mais eficiente, uma comunicação melhor. Aqui as distâncias são maiores, então estamos experimentando uma Copa diferente, mais trabalhosa, mesmo sendo dentro do nosso país”, afirmou.
Apesar das dificuldades citadas pelo coordenador da transmissão, ele defende que a Copa realmente deveria ser realizada no Brasil, porém com mais organização e antecedência nos preparativos. “O problema é que nossas autoridades sempre deixam as coisas para última hora. Se a próxima Copa fosse na Rússia, por exemplo, hoje o país já estaria com mais de 60% de tudo pronto, enquanto que o Brasil começou a Copa com aeroportos sem terminar, com estádios faltando geradores de energia. As coisas poderiam ter sido feitas com antecedência”, opinou Dílson.
Frei Elenilson, que é superintendente da rádio Sociedade de Feira de Santana, destacou a tradição de a emissora estar presente em todas as transmissões oficiais da Copa do Mundo. Esta é a primeira vez que ele participa de uma cobertura de Copa.
“Eu tenho ouvido não só em Feira de Santana, mas também em cidades da região, que esta é uma das melhores coberturas da rádio Sociedade de todos os tempos. Pra gente é muito bom fazer com que nossos ouvintes tenham proximidade com esse grande evento, importante para o nosso país. Estou vivenciando pela primeira vez essa experiência. O Brasil está sendo uma ponte da manifestação de cultura de vários povos e o futebol faz parte do povo brasileiro”, afirmou.
A Copa começou no dia 12 de junho, mas os preparativos para participar da cobertura oficial do Mundial de Futebol começaram há alguns anos. Segundo Dílson Barbosa, o primeiro passo foi o licenciamento da FIFA, que foi pago durante três anos.
“A Rede Globo é a detentora dos direitos, através da FIFA. Então assinamos um contrato com os dois. As regras são as da FIFA e nós temos que obedecê-las. Depois que compramos os direitos, compramos o acesso para a festa. Pagamos parcelado durante três anos e atrelado a isso temos uma série de outros custos. Antes os direitos custavam barato, hoje com a facilidade maior da comunicação, o valor subiu e está 600% mais caro do que quando começamos a cobrir a Copa do Mundo”, informou.
Para colocar um repórter dentro do estádio, na bancada de transmissão, segundo Dílson, o valor está em torno de 1.300 euros, por jogo. Com isso, de acordo com ele, começou-se a utilização dos estúdios durante as transmissões dos jogos. “Hoje 80% das transmissões são feitas assim”, destacou.
Quanto ao valor pago para participar de uma cobertura oficial, um contrato de confidencialidade da FIFA impede que seja divulgado. “Tem uma cláusula que diz que se o valor for revelado, podemos ser punidos, mas posso dizer que é bem caro e o retorno nem sempre é satisfatório. Porém, o objetivo de uma rádio na Copa do Mundo é manter a credibilidade, a estrutura, o projeto. A Copa do Mundo é marketing positivo entre as agências, pois podemos dizer que estamos entre as 24 emissoras de rádio do Brasil”.
Momentos marcantes
Entre tantos mundiais, muitos momentos também ficaram marcados para o coordenador Dílson Barbosa. Entre os mais importantes, ele destaca a conquista da Copa de 94, além da Copa de 82, que segundo ele, tinha uma das melhores seleções, apesar de não ter ganhado o título mundial.
“Participei de praticamente todas as transmissões, com exceção de 2006, quando organizei tudo, mas no momento da viagem não pude ir por problemas de doença na família. Para o trabalho, existe toda uma equipe. É um conjunto de ideias e de pessoas. Foram muitos momentos marcantes. Em 94 estive presente e vi o Brasil ganhar aquela Copa. O mundial de 2002 também foi excelente, além da Copa de 82”, afirmou.
As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade