“Ele fez música e ia fazer um hino para a enfermeira, porque ele gostava muito dela. Até os últimos dias ele estava cantando”. Foi assim que o acordeonista e compositor Nelson Biasoli passou as últimas semanas de vida na Santa Casa de Ribeirão Preto, segundo o filho, Nelson Biasoli Júnior.
Autor do grito “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor!”. Biasoli estava internado há 21 dias com diagnóstico de insuficiência renal e infecção pulmonar e morreu nesta quarta-feira (17), aos 83 anos. O musicista será enterrado nesta quinta-feira (18), em Tambaú (SP).
Biasoli compunha como quem brincava e assim se tornou o recordista mundial de criação de hinos, entrando para o livro dos recordes. Foram 500 hinos de cidades como Ibaté (SP), Analândia (SP), Serrana (SP) e Jardinópolis (SP), e São Tomé das Letras (MG), além de mais de 900 músicas.
"Eu sou brasileiro..."
Ele viveu a vida inteira em uma casa em Tambaú. Em uma sala colecionava CDs de todas as músicas, troféus, medalhas e homenagens que ganhou. A composição mais conhecida, o grito “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor!”, foi escrita para animar uma competição entre colégios da cidade em 1949, quando era professor em Ribeirão.
Desde então, se tornou o principal canto da torcida brasileira em diversas modalidades esportivas, especialmente em partidas de futebol. “Ele dizia que não sabia que [o grito] ia ter tanta fama assim. Na Copa ele ouviu várias vezes. O Fantástico fez uma entrevista, perguntaram se ele achava que deveriam criar outros hinos e ele achava que deveria criar sim, virando uma frente para o Brasil”, afirmou Biasoli Júnior.
Também entre as mais conhecidas está a música que ele fez para o Papa João Paulo II a pedido da colônia polonesa, em 1980. Ele também gravou canções com Chacrinha e Helô Pinheiro e outros artistas.
Segundo o filho, mesmo quando estava internado ele não perdia a alegria, fazendo músicas para os funcionários e pacientes do hospital. Biasoli chegou a sair da UTI e ficou alguns dias no quarto. “Ele fez músicas para os pacientes, ele cantou, fez uma música para uma enfermeira, disse que ia fazer um hino para a enfermeira, porque ele gostava muito dela. Para as duas médicas que o atenderam. Até os últimos dias ele estava cantando. É emocionante, mas existe um protocolo divino e a gente tem que respeitar”, lamentou.
Dias depois, o estado de saúde dele piorou e, com uma pneumonia, foi necessário voltar para a UTI. Na manhã desta quarta o quadro dele se agravou e ele não resistiu. Ele deixa mulher e três filhos. O corpo dele está sendo velado no memorial Calimã com a presença da família e amigos. O enterro será está previsto para 12h nesta quinta-feira (18).