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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: Pois Jeová falou: "Criei e eduquei filhos, Mas eles se revoltaram contra mim. O touro conhece bem o seu dono, E o jumento, a manjedoura do seu proprietário; Mas Israel não me conhece, Meu próprio povo não se comporta com entendimento.” Ai da nação pecadora, Povo carregado de erro, Descendência de malfeitores, filhos que se corromperam! Abandonaram a Jeová".Isaías 1:1-31

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ex-símbolo sexual, Lady Francisco abre o jogo

Por Paulo Sampaio para revista Joyce Pascowitch de setembro

Quase 60 anos atrás, no dia em que foi provar o vestido de noiva, em Belo Horizonte, a jovem Lady Chuquer Volla Borelli Francisco de Bourbon aprendeu com sua costureira a fingir um orgasmo. “Ela me ensinou tão bem que eu passei o resto da vida fingindo. Nunca tive prazer no sexo.” Do tipo que alterna ressentimento e comicidade no discurso, a atriz Lady Francisco, que completa 80 anos em janeiro, acaba levando o interlocutor a rir de suas desgraças. E são muitas, ela mesma afirma. No dia do casamento, o futuro símbolo sexual ainda era virgem e “tão pateta” que nem imaginava que o noivo tinha outra família. “Um oficial de Justiça apareceu pouco antes para dizer que ele já era casado.” A cerimônia na igreja foi cancelada, mas o casal passou a viver junto. O noivo revelou-se um parceiro muito ruim de cama e, por isso, os ensinamentos da costureira se mostraram bastante úteis. Ela conta que foi “extremamente infeliz” no relacionamento e afirma que, se não fosse pelos dois filhos, Oscar Victor e Andrea, hoje na casa dos 50 anos, ela nem se lembraria do pai deles – que era engenheiro e trabalhava na Coca-Cola.

Ao reduzir o nomão nobiliárquico para a forma “artística”, Lady quis homenagear o pai, José Francisco, por quem tinha muita admiração. O primeiro nome dela foi escolhido por ele, que enxergou na recém-nascida algo de esnobe. Descendente de espanhóis, italianos e sírios, seu Zezé – cujo “Francisco” era uma tradução qualquer de um nome árabe – trabalhava como mascate, vendendo de porta em porta, até que abriu a Casa do Guri, de artigos infantis, e ficou rico, muito rico – e influente. Em seu casarão de “20 cômodos” no tradicional bairro Floresta, de BH, a família recebia políticos graúdos, o prefeito, o governador e senadores da República para concorridos cocktails dançantes. Até Juscelino Kubitschek era íntimo de seu Zezé. Nessas ocasiões, o comerciante fazia questão que as filhas se apresentassem impecáveis e que as reconhecessem como as moças mais elegantes da cidade. Lady, que sofreu bullying da própria mãe, era considerada a mais feia das três irmãs: “Ela só tem pernas e olhos”, costumava dizer dona Mathilde. Na época, o comportamento elétrico da garota, que tinha também desmaios atribuídos a uma alegada mediunidade, levou os pais a consultarem um psiquiatra. “Hoje sei que aquilo que me aplicavam era choque elétrico.”

MISS PERNAS

Na conversa com a atriz, percebe-se que a pecha de patinho feio produziu nela uma necessidade obsessiva de provar que era atraente, da qual foi refém pela vida toda. Antes de se casar, e passar a ser apenas dona de casa, já tinha sido aeromoça, radialista e se sagrado Miss Olhos, Miss Pernas, Miss Busto, Miss Ferroviária. Depois, se tornou uma atriz muito famosa em Belo Horizonte. Para quem estudou no lendário Colégio Sacré-Coeur de Marie e quase se tornou noviça, era um upgrade e tanto. “Eu era a tal em Belo Horizonte, a rainha da TV. Não tinha a Hebe Camargo em São Paulo? Pois eu participei da ‘infância’ da televisão em Beagá, fui uma das que a inauguraram a TV no Brasil. O (Assis) Chateaubriand era amigo do meu pai, frequentava nossa casa.”

A carreira no Rio, e na TV Globo, veio depois que ela deixou o marido – e a profissão “do lar”. Seguiu-se um período muito difícil, em que foi preciso recomeçar do zero, já que seu Zezé havia perdido quase toda a fortuna no jogo. “Eu tive de entregar cada casa que ele passou para o meu nome, uma por uma, para pagar as dívidas.” A família ficou praticamente na miséria. Lady mudou-se sozinha para o Rio decidida a vencer na carreira artística. Foi morar na rua Xavier da Silveira, em Copacabana, onde dividia um beliche com uma garota de programa. Passava os dias na porta da TV Tupi, na Urca, tentando uma oportunidade. Então, foi assaltada na rua e ficou sem dinheiro para pagar o quarto. Despejada, dormiu e comeu por quase uma semana na barraca de uma família de pernambucanos na praia de Copacabana – sem deixar de frequentar a porta da TV.

SEXY MA NON TREPPO

Um dia, a chamaram para inteirar o júri do programa de Flávio Cavalcanti. Já estreou cheia de decotes e fendas. O curioso é que, quanto mais o símbolo sexual se impunha, mais Lady se distanciava daquilo que se esperava dela na cama. Um clássico. A mulher não dava conta do personagem que criou para si. Ao mesmo tempo em que lembra com orgulho que já era uma senhora entrada nos 40 quando foi eleita modelo de boneca inflável pelos mineradores de Serra Pelada, num concurso de uma revista da editora Bloch, ela afirma que não faz sexo há 28 anos: “Eu ficava nua no palco numa boa. No quarto, com os homens, tinha a maior dificuldade. Descobri que nunca fui muito de sexo”.

Apesar de ter trabalhado 25 anos na Globo, jamais teve salário de estrela. Ganhava como “funcionária”, não como contratada ou por obra fechada (novela). “Quando fui mandada embora, depois de todo aquele tempo, me pagaram R$ 10 mil.” Foi demitida pela temida Marluce Dias da Silva, que então ocupava o lugar que tinha sido de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Marluce acabou, ela mesma, demitida da emissora em 2002. “Tomei horror aquela mulher”, diz Lady, sem rodeios. Entre os personagens mais marcantes da atriz na emissora estão Rose, da primeira versão de Pecado Capital (1975, Janete Clair); Eleonora, de Marron Glacé (1979, Cassiano Gabus Mendes); e Gisela, de Louco Amor (1983, Gilberto Braga). Em sua 25ª novela na Globo, Geração Brasil, atualmente no ar, ela interpreta a fofoqueira Marlene, um papel distante léguas dos protagonistas. Ainda assim, Lady diz que vai saltitante de alegria para a emissora, que fica a cerca de 35 km de sua cobertura no bucólico Parque Eduardo Guinle, Laranjeiras. Faz questão de dizer que o apartamento é seu único bem e que foi comprado a duras penas com o dinheiro de um espetáculo que apresentou em Portugal. “Não entendo ator que fica resmungando enquanto espera para gravar. Já que está ali, tem de ser bom, né? Eu adoro trabalhar.”