O sistema partidário brasileiro é, basicamente, uma das razões que leva à corrupção que alimenta, em parte, a classe política. Com um sistema pluripartidário desorganizado, com nada menos de 32 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, não se pode esperar nada desta inflação de legendas. A não ser multiplicar “vantagens” de quem estiver no poder, que as repassa em troca de apoios congressuais para formar a sua base de apoio ao governo.
Não se trata de trabalhar para o bem público. O que vale, com tal número de partidos, são as vantagens distribuídas, de uma forma ou de outra, aos políticos e apaniguados. Há exceções, é claro. A continuar deste modo, creio que, se não houver uma reforma ampla, Dilma Rousseff, Marina Silva ou Aécio Neves, seja lá quem chegar ao poder nestas eleições, não terá condições de governabilidade. Por quê? A resposta se vincula ao divisionismo dentro do Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados, com 513 parlamentares, e o Senado, com 82 senadores.
Parte dos que serão eleitos no próximo domingo chegará ao parlamento ávidos (nem todos, que fique claro) para usufruir dos “favores” que se tornaram comuns, em forma de contratos superfaturados com empreiteiras, como se observa no escândalo que envolve a Petrobras, dentre outros, como o novo caso que explode na Bahia, sem que haja certezas do que ocorreu, a partir das denúncias oriundas da dona da ONG Instituto Brasil, Dalva Sele, que se diz petista. Não dá para acreditar.
Sem o apoio de partidos, ninguém governa. Foi o que aconteceu com Fernando Collor de Mello, lá nos anos 90, com a sua postura imperial, cercado pelo seu tesoureiro de campanha, PC Farias. Ou se muda tudo, ou permanece o tome lá, dá cá. A estrutura da República leva à vergonhosa situação segundo a qual o governo que não possua maioria, empaca. O jogo é a troca ou o balcão de negócios onde o que vale são os cargos distribuídos aos amigos e, aos partidos, os ministérios.
O chamado sistema de coalizão partidária não passa de uma embromação política, que surgiu lá nos anos 90. Em sequência veio a social-democracia de Fernando Henrique Cardoso, que acompanhou uma onda internacional onde este tipo de governar só deu resultados na Inglaterra quando estava à frente do poder Margareth Thatcher.
Ou o futuro governo parte para uma ampla reforma ou terá sérios problemas, porque grande parte da população politizada ou com melhor formação educacional dá sinais evidentes de que é preciso mudar, como tem acontecido nas manifestações.
Quando se delineou a Nova República, idealizada por Tancredo Neves após a ditadura militar, o desejo dos brasileiros era uma democracia livre, aberta, com uma Constituição moderna e Cidadã. Ulysses Guimarães e os constituintes tiveram a melhor das intenções. Queríamos todos enterrar os tempos da ditadura e formar um País com um número de partidos que representasse a democracia moderna. Deu-se que, com o passar dos tempos, as lacunas da legislação abriram espaços para transformar partidos políticos em balcão de negócios. Agora, sendo 32 deles, levaram o Palácio do Planalto criar 39 ministérios.
Só há um jeito: virar o país de ponta-cabeça para dar espaço a uma reforma ampla, de modo a diminuir o número de legendas; realizar uma reforma eleitoral competente, com mudanças substanciais. Enfim, o próximo governo terá que ser marcadamente de mudanças. Se assim não for o País continuará sendo o que é: o paraíso da corrupção.Fonte:Bahia Noticias