Em reta final, há uma agressiva guerra de mentiras na campanha presidencial que envolve os três principais candidatos, basicamente com a carga pesada de Dilma contra Marina Silva e Aécio Neves contra as duas. Na última semana, após a pesquisa que apresentou um distanciamento de oito pontos entre as duas candidatas no primeiro turno, favorecendo Dilma, Marina resolveu devolver os petardos, transformando a campanha presidencial num jogo de ataque e defesa. Nada do que se diz é confiável. As promessas perdem o significado. Não se pode crer numa segunda gestão quando a primeira foi um desastre. Como cidadão, que sobrepõe à profissão de jornalista, o que marca este governo é uma brutal crise econômica. Assim, fica difícil acreditar em promessas. Soam vazias.
Até Leonardo Boff, um dos fundadores do PT, que se desligou do partido ao perder suas esperanças em relação à legenda, entrou na guerra. Há algum tempo reside na Alemanha onde é professor de Teologia e Filosofia em Munique. Com saudades da sua Teoria da Libertação e da atual velha política do PT, que esqueceu os fundamentos da sua origem ao se tornar igual ao PMDB, semelhante ao PSDB, idêntico ao DEM, irmanado ao PCdoB e mergulhado em corrupção, que fora tão combatida e impensável na origem do partido. Foi o PT que permeou, com esperanças e sonhos, a juventude do início dos anos 80. Tornou-se, porém, idêntico, ou até pior, na velhice calhorda deste sistema partidário brasileiro.
Aqui na Bahia o quadro não difere. As agressões verbais já se estendem desde junho. Ganharam densidade neste setembro e se tornam mais fortes nesta reta de chegada, quando faltam 20 dias para as eleições, contando com o domingo, cinco de outubro, dia de votação. O que acontecerá até lá é uma incógnita. A última pesquisa conhecida estabelecia um distanciamento relativamente alto entre Souto e Rui Costa, sem levar em consideração, naturalmente, os números do Basbete (se eu não estiver trocando o nome pelo do extraordinário filme “A Festa de Babete”, sem o “s”) por ser uma pesquisa de fundo de quintal, que não merece a menor qualificação ou respeitabilidade.
Não se trata apenas deste “instituto”, que fica na Bahia, em local desconhecido, senão incerto. A realidade é que, embora os institutos de pesquisas nacionais tenham melhorado, é comum errarem, daí porque para o jornalista o único que merece fé é o Datafolha. Aliás, por falar em pesquisas, o Ibope está em processo de transferência para um grupo de peso, embora a família que o fundou, lá pelos idos dos anos 40 do século passado, continuará à frente do seu comando, porque passará a ser cotista minoritário e assim fiou acertado.
No estado, esta etapa final da campanha eleitoral merece ser acompanhada (não as agressões e, quiça, xingamentos) com muita atenção porque nestas bandas acontecem mudanças inesperadas, até absurdas, como a vitória de Waldeck Ornelas sobre Waldir Pires para o Senado, no suspiro das últimas urnas apuradas. Ganhou com meros três mil votos de diferença. Aliás, por mais que se tentasse o Tribunal Superior Eleitoral (Ó tempora, ó mores – Cícero, senador romano, na polêmica com Catilina - “Ó tempos, ó costumes”) não se manifestou sequer sobre os recursos impetrados e quando o fez foi praticamente no fim do mandato senatorial. Não se pode esquecer, de igual modo, a virada nos últimos dias da eleição de Wagner sobre Souto, quando as consultas demonstravam outra realidade. As pesquisas erraram, e só revisaram, reconhecendo outra verdade, nas pesquisas feitas em boca de urna.
Assim posto, os momentos finais das campanhas são sempre eletrizantes. Aliás, nesta semana, é possível que venham à baila pesquisas sobre o processo eleitoral baiano e, duas ou três, sobre a campanha presidencial. Quem aplica na Bolsa de Valores ficará mais atento ainda, porque se Marina subir, a Bolsa sobe; se Dilma crescer, a bolsa entra em parafuso. Quem diria... Há uma forte ligação entre o mercado financeiro e a política. A Petrobras, por exemplo, sempre perde quando Dilma sobe. Faz parte do escândalo e em relação ao que se verifica na petroleira, antigo símbolo nacional, hoje cambaleante.Fonte:Atarde