Uma família saudável não é aquela que não tem problema. A família pode sim ter uma criança com determinada deficiência; a forma como eu lido com isso é que determina se a família é saudável ou não, orienta o médico e terapeuta espírita Alberto Almeida, do Pará, que na última conferência da 36ª Semana Espírita de Feira de Santana,abordou o tema "Jesus e a família".
O evento, que durou oito dias, atraiu um público estimado em 11 mil pessoas ao Ginásio de Esportes do Colégio Castro Alves. A última atividade foi o seminário sobre o tema central da Semana Espírita, "O amor pede passagem", sob orientação também de Alberto Almeida, na manhã de domingo (19), no Centro Espírita União Feirense.
A exemplo dos dias anteriores, a última noite da Semana Espírita foi especialmente marcada por requintadas apresentações musicais e artísticas. No início da noite, o Coral Acordes de Luz, do Centro Espírita União Feirense, distribuiu harmonia num repertório marcado pelo amor. Após a conferência, os músicos Vinícius Marques (violino) e Itamar Vieira (teclado) entoaram a Ave Maria acompanhados pela bela voz da cantora Poliana Cunha.
Uma atmosfera lírica e harmônica já tomava conta do ambiente quando os 80 trabalhadores que atuaram na organização do evento se distribuíram pelo espaço, realizando um abraço simbólico ao público presente - mais de 1.000 pessoas - que, de pé, e ao som da Ave Maria, empunhava um pequeno catavento de papel, no tom vermelho, cuja pretensão metafórica, de acordo com os idealizadores da Semana Espírita, é distribuir aos quatro cantos da cidade a energia cultivada durante o evento. Neste momento, um grupo de crianças irrompeu Ginásio de Esportes afora gritando à plateia: "O amor pede passagem!".
Ao final, o decodificador da Doutrina Espírita, Alan Kardec, e Jesus Cristo, personagens centrais das obras que difundem os fundamentos do Espiritismo, caminharam na plateia e silenciosamente subiram ao palco para saudar a todos.
Foi a coroação de um evento que durante oito dias pregou o conhecimento da condição humana e o amor entre as pessoas como elementos imprescindíveis para o crescimento espiritual. Os papeis foram representados pelos atores Paulo Sérgio da Silva (Kardec) e Gil Tanajura (Jesus), ambos devidamente caracterizados pelos personagens.
Para encerrar, Sheila Menezes (voz) e Tony Campos (violão) entoaram A Paz, (canção de Michael Jackson que ganhou versão do grupo Roupa Nova), já considerado um hino do movimento espírita de Feira de Santana: "... Só o amor muda o que já se fez/ E a força da paz junta todos outra vez/ Venha, já é hora de acender a chama da vida/ E fazer a Terra inteira feliz...".
O coordenador do Conselho Regional Espírita 3, Marcus Machado, disse que o sucesso do evento é fruto da parceria diversificada que vem sendo construída em Feira de Santana: "Agradecemos a todos os centros espíritas, às empresas que contribuem enormemente e a uma equipe maravilhosa de trabalhadores, muitos dos quais, trabalham há quase um ano para realizar este evento, a todos, nosso muito obrigado!".
Equilíbrio é fundamental
O médico Alberto Almeida falou na última conferência sobre os valores e cuidados que devem ser cultivados para o bem da família, dentre os quais, o sentido de responsabilidade, liberdade e disciplina que devem ser cuidadosamente dosados pelos pais dia-a-dia a fim de educar seus filhos. "O equilíbrio é fundamental. Se formos exageradamente rígidos, teremos muitas dificuldades para tê-los por perto. Se formos permissivos dificilmente veremos nossos filhos felizes. Para dar-lhes responsabilidade, é preciso dosar os ensinamentos com a liberdade", orienta.
Sagaz, o conferencista explica que "o processo de administração do lar envolve a autoridade, igual para todos, mas não autoritarismo, ter paciência para distribuir firmeza sem ser autoritários". De acordo com ele, também é fundamental o conceito de equidade na atenção para todos os filhos.
"Muitas vezes, a família adoece porque os pais dão a atenção ao filho que mais necessita, o que pode ser natural, mas é preciso saber dosar. Não se pode esquecer os outros filhos que, por não apresentarem uma doença, por exemplo, achamos que não precisam de atenção. E estes filhos começam a achar ruim não estar doentes: Ahh, por que eu não sou autista?!?" De acordo com o médico, os pais não fazem isso conscientemente, mas é preciso dar a estes filhos também suficiente afeto e carinho, sair com eles para alguns programas. Enfim, é imprescindível distribuir a atenção", alerta o médico.
Sobre as dificuldades enfrentadas pelos lares que abrigam um ser com algum tipo de deficiência, Alberto Almeida explica que isto não precisa transformar o lar, tornando-o enfermo. "A família pode ter alguém que nasceu sem uma percepção sensorial, pode ter um filho que nasceu com um problema psiquiátrico grave, uma forma de autismo. O lar não deixa de ser saudável por que tem um doente em casa, não é assim. A família saudável é aquela que administra a relação entre os seus membros, de uma forma adequada. Dar atenção ao mais necessitado, mas também cobrir de afeto o outro, dizer a ele que também é amado, o tempo todo", orienta.Fonte:Acorda Cidade