O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta terça processo por quebra de decoro contra três deputados do PT baiano: Afonso Florence, Nelson Pellegrino e Rui Costa, que no mês passado foi eleito governador da Bahia. A decisão foi motivada pela reportagem de VEJA que revelou a existência de um esquema de desvio de recursos públicos para beneficiar petistas no Estado.
Os relatores de cada caso serão decididos nos próximos dias. As chances de os processos terem algum desfecho até o fim do ano são próximas de zero. “Se a defesa usar todo o prazo a que tem direito, ultrapassará o prazo regimental para que esses casos sejam concluídos ainda nessa legislatura”, afirmou o presidente do colegiado, Ricardo Izar (PSD-SP). Dos três parlamentares baianos, Florence é o único que foi eleito para um novo mandato na Câmara. Pellegrino será suplente.
VEJA mostrou a confissão de Dalva Sele Paiva, que coordenava a ONG Instituto Brasil e operou o esquema de desvios por meio de um convênio com o governo baiano. Os recursos usados para abastecer os caixas e os bolsos do PT somaram 17,9 milhões de reais. O dinheiro pertencia ao Fundo de Combate à Pobreza e deveriam ser destinados à construção de casas populares.
O Conselho de Ética também adiou a análise do pedido de abertura do processo contra o deputado Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ). Por falta de quórum, o caso não foi analisado. O site de VEJA mostrou como o peemedebista admitiu, em gravações, receber 100.000 reais mensais desviados de um convênio com a ONG Casa Espírita Tesloo, que administrava o sistema de cartão único da assistência social no município. As investigações do caso também mostraram que Bethlem possui uma conta na Suíça. O relatório do deputado Paulo Freire (PR-SP) pede a cassação do peemedebista. Mas a legislatura pode se encerrar sem que o caso tenha um desfecho.