A presidente Dilma Rousseff falou neste domingo pela primeira vez sobre a nova fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que levou para cadeia dirigentes de empresas que formam entre as maiores e politicamente mais influentes do Brasil – OAS, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, UTC, Engevix, Iesa e Galvão Engenharia –, além do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Segundo a presidente, o escândalo “mudará o Brasil para sempre”.
Dilma falou com jornalistas pouco antes de deixar a cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália. "Isso eu acho que mudará para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas", afirmou. Segundo a presidente, os desdobramentos da Lava Jato mostram que não existe impunidade e há condenação de corruptos e corruptores. "Pode mudar o país no sentido de que vai se acabar com a impunidade. Essa é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que era não é algo 'engavetável'", disse a presidente.
Assim como na campanha eleitoral, a presidente tentou colar a seu governo os méritos da investigação promovida pela PF. "Eu acredito que a grande diferença dessa questão é o fato de ela estar sendo colocada à luz do sol. Por que? Porque esse não é, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo. Agora, ele é o primeiro escândalo investigado. O que é diferente", afirmou.
Ao tratar da magnitude dos eventos trazidos à tona pela Lava Jato, Dilma afirmou que “não se pode condenar” a Petrobras. “Temos de condenar pessoas dos dois lados: corruptos e corruptores. É uma questão simbólica para o Brasil: a primeira investigação efetiva que envolve segmentos privados e públicos”. Ainda segundo a presidente “não se pode demonizar” as empreiteiras ou a Petrobras. "Não é um monopólio da Petrobras ter processos de corrupção. Eu quero te lembrar que um dos grandes escândalos de corrupção investigados no mundo foi o da Enron. E a Enron era uma empresa privada", disse. "A maioria absoluta dos funcionários da Petrobras não é corrupta. Há pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da Petrobras", disse.
Questionada sobre o impacto do caso na reforma política ou na possibilidade de perder apoio no Congresso, a presidente negou as duas hipóteses. "Dentro dos nomes cogitados, não há pessoas que podem estar envolvidas", disse, ao comentar que o escândalo já era conhecido e o governo não conhecia apenas os nomes dos envolvidos. "Você há de convir que essa questão da Petrobras já tem certo tempo. Então, nada disso é tão estranho para nós. Nós não sabíamos as pessoas concretas, mas nós sabíamos da investigação", completou.Fonte:Veja