É muito provável que a presidente Dilma passe a enfrentar dificuldades políticas a partir de janeiro, quando terá início o seu segundo mandato. Os sinais ficaram evidente dois dias após comemorar a sua reeleição, ao ser derrotada na Câmara dos Deputados em relação aos tais Conselhos Populares, o que já era esperado. O Poder Legislativo pretende cumprir, à risca, as suas funções. É o que se propala. Daí existir probabilidade de que o governador Jaques Wagner - com um ministério garantido - possa retornar ao posto de ministro da Articulação Política, cargo que ele já exerceu, com êxito.
Na verdade, o governador da Bahia hoje é tido, dentre os petistas, como terceiro nome em importância da legenda, depois de Dilma e Lula. Embasa-o as vitórias obtidas nestas bandas e o relacionamento próximo que tem com a presidente e o ex. Se isso acontecerá, ou não, ainda é dúvida porque ficaria bem como Chefe da Casa Civil, onde de igual forma, seria um interlocutor político. Mas está indefinido o futuro de Mercadante, que hoje ocupa o posto.
De qualquer maneira a presidente, como não é afeita a relacionamentos políticos, dificilmente mudará a sua forma de comando quando a situação para ela se torna mais tensa em relação ao Congresso Nacional. A vitória da petista com margem apertada para Aécio Neves dá um toque de mudança comportamental que permeia a Câmara dos Deputados e o Senado. Assim, é necessário que escolha um ministro que seja um interlocutor apropriado à função. Se Wagner teria interesse ou não no cargo é outra questão, porque ninguém gosta de voltar ao posto já ocupado.
O PMDB não está rebelado na Câmara dos Deputados nem assim agirá no próximo mandato, mas, de certa forma, não ficará como um gatinho para, em troco do serviço prestado, receber um pires de leite. Ademais, há expectativa de uma explosão quando vier à tona para conhecimento do País, em toda a sua extensão, o escândalo da Petrobras. Inclusive em relação à participação do PT, do PMDB e do PP, de diversos parlamentares coroados e de empreiteiras. O escândalo talvez seja maior, muito maior, do que como hoje é pintado. Se duvidar, será necessária a construção de um novo presídio para abrigar as excelências, para que não ocorra como se observa com mensaleiros que são mandados para casa por não ter como abrigá-los.
Por exemplo: ler no presídio, um excelente passatempo além de enriquecer o conhecimento, valeu para José Dirceu a diminuição da sua pena. A justiça italiana recusou a extradição do mensaleiro Pizzolato por considerar que os presídios brasileiros não têm condições para recebê-lo porque são, de fato, pocilgas humanas.
O clima nesta última semana na Câmara e Senado foi de tensão para a presidente da República e para o PT, que poderá ficar isolado se o PMDB entender que não é correto ficar distanciado do Planalto e só procurado para endoçar projetos do interesse petista. Boa parte dos peemedebistas era e ainda são tratados na base do cabresto pelos líderes do partido. Daí a escolha precipitada (três meses antes da eleição) do futuro presidente, Eduardo Cunha, que se tornou um parlamentar distante dos interesses palacianos.
Pode não vir a ser ele o presidente do Congresso, porque outros deputados estão se lançando, e não se sabe com quantos parlamentares Dilma Rousseff contará, tomando como base e medida os partidos que a apoiaram na sua campanha. O PMDB pendurou num prego alguma coisa como “contas a pagar”, porque pelo menos em três estados os candidatos ao governo pela legenda não foram apoiados pelo PT. Esta é uma marca que tende a ficar, porque não houve, entendem eles, a contraprestação do apoio recebido.
O certo é que a presidente não terá neste segundo mandato o número de parlamentares que teve nesta gestão que se aproxima do fim. Ninguém votará sob cabresto, é o que se supõe. Aliás, na próxima quarta-feira o PMDB reúne o conselho partidário em Brasília, para discutir alguns pontos importantes. Um dele é a reforma política, uma exigência nacional e promessa de campanha que deverá ter prioridade. Ela pode surgir do Congresso. Por ora, a presidente deseja que haja um plebiscito, o que parece ser um absurdo. Trata-se de uma questão que não pode ser decidida na base do “sim” ou do “não”. Não será, então, nenhuma surpresa se o plebiscito for explodido no conselho do partido na próxima quarta feira. E daí?Fonte:Bahia Noticias