Em processo de transição entre o atual e o futuro governo da Bahia, por ora o governador Jaques Wagner está mais presente no noticiário nacional do que local. Aqui, o espaço já é do governador eleito, Rui Costa, em razão da pequena reforma que irá fazer na sua gestão que começa no primeiro dia de janeiro. Enquanto Rui cuida dos assuntos do estado, no cenário nacional o atual governador continua como uma das estrelas do petismo, mas, ainda, diante de uma interrogação sobre o cargo que ocupará. Nada existe por ora a não ser especulação.
Depois de resolver algumas incógnitas, adotando idéias pregadas pela oposição de Aécio Neves durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff tenta uma saída ortodoxa na tentativa de novos caminhos para resolver a crise econômica do País, que não é pequena. Em consequência, depois de uma solução à direita, o que parecia impensável, destravou as questões do Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central. A presidente tenta solucionar agora a escolha dos futuros presidentes dos bancos públicos.
E também como consequência, os partidos políticos que a apoiaram na reeleição, em prontidão esperam a hora para apresentar candidatos a ministérios. Depois daí, ou antes, será a vez de resolver os cargos para os nomes considerados “da casa”, entre os quais incluem as pretensões de Jaques Wagner. A presidente parece não ter pressa, embora seu segundo mandato se inicie no dia primeiro do ano. Os ministérios reservados aos partidos políticos, muitos deles envolvidas na corrupção detonada na Petrobras, se espraia em diversas obras públicas (em torno de 750). Mesmo assim mesmo serão beneficiados pela presidente.
Basta entender que as denúncias premiadas de corruptos envolvidos nos escândalos apontam na direção de três partidos da base de Dilma: o PT, que é o governo, o PMDB, sem o qual ela não sobrevive no Congresso, e o PP, que não deve ou não deveria apresentar deputado para ser ministro, porque, segundo uma dessas denúncias citadas, apenas dois dos parlamentares da legenda não receberam propina. Mas eles querem bondade e as receberão.
Para um País corrompido a partir de empreiteiras, diretores escolhidos para cargos de estatais por critérios políticos, e mais parlamentares, é realmente uma missão difícil que cumpre à presidente. É certo que, assim como Lula no mensalão, Dilma alegou que “não sabia de nada” do que ocorria na petroleira. Acredita quem quiser. Ficam, então, muitíssimo mais complicadas as escolhas ministeriais. Ademais, em relação ao governador Jaques Wagner, o nome mais forte no momento com acesso à Dilma parece ser o do chefe da Casa Civil do governo, Aloísio Mercadante. O PT quer que o governador da Bahia faça parte do chamado “núcleo duro”, como são denominados, os ministros cujo endereço é o Palácio do Planalto.
Jaques Wagner é um político de fácil relacionamento. O mesmo não parece ser o estilo de Mercadante, que já nasceu aureolado pela antipatia. A partir deste contraste, especula-se qual dos dois (mesmo que o endereço de Wagner não seja o Palácio do Planalto) terá mais força no segundo governo. Por ser mais suave no trato o governador baiano leva vantagem. Dá-se conta que ambos pretendem ocupar em 2018 o cargo de Dilma, isto se Lula não vier a ser candidato. Mercadante tem um mandato de senador, o que pesa, mas não muito. O que poderá vir a ter influência será a sua presença na chefia da Casa Civil, por estar próximo da presidente.
Tudo isso faz parte do jogo que agora está sendo jogado. Jogo difícil, o da escolha de um ministério que, acima de tudo, zele pela integridade e seriedade no trato do dinheiro público. Sem parlamentares desonestos, partidos sedentos para saquear o Tesouro e empreiteiras que influam nas relações afáveis entre o poder e a corrupção. Como ainda tem muita sujeira que virá à tona, imagina-se que o escândalo da Petrobras irá muito além do presumível. Assim, é possível que o terremoto se torne maior, muito maior, do que se imaginava. Daí a necessidade de a presidente tomar muito, mas muitíssimo cuidado com os nomes que irá escolher para compor o seu segundo governo. Qualquer novo escândalo fatalmente a população sairá às ruas. Com tamanha força que lembrará Fernando Collor. Tomara que não.Texto:Samuel Celestino(Bahia Noticias)