A Polícia Federal começou a entregar à Justiça relatórios em que indicia executivos de empreiteiras investigados na Operação Lava Jato. Foram indiciados cinco suspeitos da construtora OAS, dois da Queiroz Galvão e um da Galvão Engenharia. Eles fazem do grupo de 20 diretores, sócios e funcionários de oito construtoras presos na sétima fase da operação, por fraude de licitações da Petrobras e por corromper funcionários públicos e políticos.
Da OAS, foram indiciados José Ricardo Nogueira Breghirolli, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, José Aldemário Pinheiro Filho, Mateus Coutinho de Sá Oliveira e Alexandre Portela Barbosa. Desses cinco, apenas Barbosa foi solto. Da Queiroz Galvão, Othon Zanóide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho foram autuados e respondem ao inquérito em liberdade. Da Galvão Engenharia, Erton Medeiros da Fonseca foi indiciado e ainda cumpre pena na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Todos os executivos foram indiciados por lavagem de dinheiro, corrupção ativa, fraude a licitações, falsidade ideológica e uso de documento falso. Somados, os crimes preveem até 31 anos de prisão e multa.
No relatório no qual comunica os indiciamentos, a delegada Erika Marena destacou que as construtoras fizeram pagamentos indevidos às empresas de fachada controladas pelo doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema de lavagem, em troca de facilidades da Petrobras. "O esquema criminoso vinha sendo bem sucedido em razão de a ele terem aquiescido uma série de personagens, desde os 'meros' courriers até os grandes pagadores de propinas, cujo objetivo era a obtenção de facilidades nos contratos com a Petrobras", destacou a Polícia Federal.
Para colocar em prática o esquema de corrupção na estatal, os policiais lembraram que foram utilizadas contas bancárias em nome de laranjas, "fluxo mascarado de dinheiro", celebração de contratos fictícios e doleiros para remeter pagamentos no exterior. Também foram constatados indícios de que houve combinação prévia para fraudar a concorrência em licitações da Petrobras.
A polícia lembrou ainda que Fonseca, da Galvão Engenharia, confessou os pagamentos, embora tenha alegado que foi vítima de extorsão. O executivo apresentou um novo operador, desconhecido pelos investigadores: Shinko Nakandakari, ligado ao PT.
A delegada lembrou que não houve tempo de analisar o material apreendido nas residências dos suspeitos e nas sedes das empreiteiras. Mas alguns documentos foram destacados, como as anotações da OAS que indicam a entrega de presentes para políticos e funcionários públicos. "Dentre o material apreendido no cumprimento das medidas judicialmente autorizadas, destaca-se a vasta lista de pessoas que a OAS procurava agradar com presentes e lembranças de aniversário, notadamente políticos e servidores públicos", diz o relatório.
Formalmente, os indiciamentos significam que, para a PF, há indícios suficientes para o Ministério Público denunciá-los pelos crimes mencionados, mas os procuradores da República têm autonomia para fazer as acusações penais. O Ministério Público deve apresentar denúncias contra os executivos até o fim desta semana.Fonte:Bahia Noticias