É muito provável que a presidente Dilma Rousseff divulgue o conjunto do seu ministério ainda nesta semana. Ela assim prometeu. Se ainda não o revelou até este finalzinho do seu primeiro mandato, provavelmente denota que ela atravessa um momento de desconforto político, que, presumivelmente, a acompanhará no seu segundo mandato. Deve-se o fato, acredita-se, ao temor que a envolve diante da pesada nuvem de corrupção que acinzenta o governo petista.Trata-se de fato curioso. Em entrevista concedida à imprensa chilena, ela declarou justamente o contrário.
Negou a realidade ao dizer que o Brasil não “atravessa uma crise de corrupção”. Como negar o que ocorre na Petrobras? Tentou livrar o seu governo, falando que as sujeiras seriam anteriores ao PT ascender ao poder. Sabe ela, ou se não souber anda confusa e tenta passar ao largo, que não dá para esconder o que está claramente está exposto. Nunca, em tempo algum, houve tanta corrupção como agora se observa, ameaçando esmagar a maior estatal brasileira.
Tudo isso vem acontecendo há algum tempo. Cresceu como uma febre endêmica nos últimos anos, com a compra da refinaria de Pasadena, com diretores da estatal lambuzados em ilícitos envolvendo milhões de dólares até ultrapassar a caso dos bilhões; empreiteiras exercitando e definindo licitações da petrolífera; propinas distribuídas a partidos políticos, como o PT o PMDB, PP mais que surjam e certamente surgirão.
Se não estivesse ocorrendo uma “crise de corrupção” é claro que Dilma já teria montado o seu ministério, por ora enigmático. Tem medo, acredita-se, de escolher gatunos para cargos importantes da República. Neste aspecto ela está certíssima. Não dá mesmo para definir nomes ministeriais para, mais adiante, os nomes dos aureolados surgirem nas delações premiadas e estampados, com direito a fotos, na imprensa. O certo é que a posse, no dia primeiro de janeiro, está próxima e seria um fato novíssimo, senão estranho, que ela se empossasse apenas metade do seu ministério.
Manter alguns ministros deste seu primeiro governo seria uma saída sem significado. Até que a crise de corrupção – que para ela “não existe no Brasil” e sim na Mongólia Exterior – venha a se desanuviar – o que tão cedo não ocorrerá, somente depois de conhecidos os corruptos e depois de serem indiciados pelo Justiça. Aliás, a Justiça atravessa uma fase primorosa, embora ainda não seja a ideal.
Há, ainda, a necessidade de reformar os códigos, inclusive e principalmente os processuais, rever a ampla legislação onde se encontra jeito para tudo, contanto que se tenha, ao lado, um competente advogado. É preciso, em síntese, que a Justiça seja “justa” e que haja rapidez na sua distribuição. Um fato recentíssimo, que desmancha o que se disser o contrário do que esta acima ocorreu na semana passada com a validação da candidatura do eterno Paulo Maluf, que deixa longe, mas muito longe, a fantasia das Mil e Uma Noites. Ele ainda será deputado, porque ganhou o último recurso que impetrou. A decisão faz de Maluf um personagem mágico, que poderia ter saído dos contos fantásticos colocando no bolso o Babá e o Ali, ou vice-versa. Ademais, para ele nunca houve “Abre-te Sésamo”. Nunca foi necessário. A sua caverna sempre esteve aberta à sua disposição.
Deixei a presidente Dilma sozinha, no penúltimo parágrafo. Falta dizer que se compreende com todas as sílabas que ela pronunciou no diálogo com a presidente argentina, Cristina Christner. Disse: “Ah! Você não sabe como é difícil organizar um ministério no Brasil!” Certamente. Com tamanha crise de corrupção que enlameia o País, que ela deixou claro no diálogo que manteve com a presidente argentina e depois se esqueceu do que disse ao negar à mídia chilena. Este País é, de fato, confuso.
Recesso
Como de hábito, faço um curto recesso neste final de ano. A todos, um 2015 ameno, de tranquilidade e paz. Se for possível, o mesmo para o Brasil.Fonte:Bahia Noticias