O vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, afirmou neste domingo que é provável que o Airbus 320-200 que desapareceu durante voo entre Java e Cingapura provavelmente sofreu um acidente. "Após mais de dez horas de buscas, são grandes as chances de que um acidente tenha ocorrido", disse Kalla na Agência Nacional de Busca e Resgate, segundo a rede britânica BBC.
As autoridades da Indonésia suspenderam ao anoitecer deste domingo (no horário local) as operações de busca e resgate do avião com 162 pessoas a bordo. As buscas devem ser retomadas na manhã desta segunda-feira. A aeronave desapareceu no Mar de Java, após enfrentar condições atmosféricas adversas.
A Indonésia dirige as operações de busca com um Boeing das Forças Armadas, três helicópteros e seis embarcações, Cingapura ajuda com dois Hércules C130 e a Malásia se ofereceu para colaborar. As autoridades informaram que não encontraram nenhum destroço ou sinal que possa esclarecer o que aconteceu com o aparelho, mas um funcionário da Agência Nacional de Busca e Resgate disse ao jornal indonésio Jakarta Post que as autoridades acreditam que o Airbus 320-200 caiu no mar em um ponto entre 148 e 185 quilômetros de distância da ilha de Balitung.
O avião da companhia aérea de baixo custo malaia AirAsia, voo QZ-8501, decolou de Surabaia, em Java, às 5h20 (hora local) do sábado e deveria chegar em Cingapura às 8h30 (22h30 em Brasília). Havia 155 passageiros a bordo, incluídos 16 crianças e um bebê, e uma tripulação de sete pessoas formada por um piloto, um copiloto, um mecânico e quatro aeromoças. A AirAsia divulgou a nacionalidade das vítimas: 155 indonésios, três sul-coreanos, um britânico, um francês, um malaio e um cingapuriano.
Minutos antes de perder a comunicação, o piloto solicitou à torre de controle autorização para subir dos 32 mil até os 38 mil pés de altura (dos 9,76 para 11,59 quilômetros) devido ao mau tempo na área, divulgou o Ministério de Transporte da Indonésia. O avião estava neste momento perto das ilhas Belitung e ao sudoeste de Bornéu.
"A aeronave estava na rota do plano de voo apresentado e estava solicitando desvio de rota devido ao tempo antes da comunicação com a aeronave ter sido perdida", disse a companhia em comunicado. Não houve sinal de socorro enviado, disse o diretor de transporte aéreo do Ministério dos Transportes da Indonésia, Joko Muryo Atmodjo.
A Indonésia, arquipélago de 17.000 ilhas muito dependente do transporte aéreo, apresenta um dos piores balanços da Ásia em matéria de segurança aérea. A AirAsia, um cliente importante da Airbus e a maior companhia de baixo custo do sudeste da Ásia, foi criada há vinte anos e relançada posteriormente por um ex-dirigente da Time Warner, Tony Fernandes.
O fabricante aeronáutico europeu Airbus disse neste domingo que o avião A320-200 da AirAsia desaparecido na Indonésia saiu de fábrica em outubro de 2008 e tinha acumulado cerca de 23 mil horas de voo. O aparelho da companhia AirAsia, MSN 3648 registrado como PK-AXC, é equipado com motores CFM 56-5B, e tinha realizado ao redor de 13.600 voos desde que finalizou sua montagem há pouco mais de seis anos, informou a Airbus em comunicado.
Um ano duro — O ano de 2014 tem sido particularmente duro para companhias asiáticas de aviação. No dia 8 de março, um Boeing 777-200 da Malaysia Airlines desapareceu pouco depois de sua decolagem de Kuala Lumpur, com 239 pessoas a bordo. A aeronave, que ainda não foi encontrada, teria caído no sul do Oceano Índico por falta de combustível. Quatro meses depois, em 17 de julho, outro Boeing 777 da mesma empresa caiu com seus 298 ocupantes no território controlado pelos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, onde enfrentam o exército desta ex-república soviética.
(Com agências EFE, AFP e Reuters)