Foi um peemedebista, o deputado Eduardo Cunha (RJ), candidato a presidente da Câmara, o principal articulador do blocão, grupo interpartidário formado por parlamentares insatisfeitos com o governo, responsável por dificultar a vida do Executivo na Câmara na segunda metade do mandato passado. O ápice dessa tensão foram as votações do Orçamento Impositivo e o decreto de criação dos Conselhos Populares, derrubado pelo Congresso. Dos partidos hoje contemplados no governo, o PSD foi o que registrou em meados de 2013 o menor índice de governismo, ficando abaixo dos 50%. Nesse período, Dilma também viu sua popularidade desabar, após as manifestações de junho daquele ano. Na média geral, a sigla criada a partir do oposicionista DEM pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, hoje ministro das Cidades, ficou apenas 2 pontos porcentuais acima do PP, partido apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como um dos principais beneficiários de um esquema de desvios em contratos da Petrobras. No período de menor fidelidade da base, o governo sofreu derrotas significativas na Câmara, como no projeto para a criação de novos tribunais regionais federais - o Executivo era contra, por causa do impacto orçamentário, mas os deputados votaram a favor das novas cortes. A retomada da fidelidade da base, ainda que abaixo dos índices vistos na primeira metade do mandato, foi estimulada curiosamente pelas manifestações de 2013. Sob o impacto dos protestos de rua, o governo e o Congresso se mobilizaram em criar a aprovar uma agenda positiva, com projetos como a Lei Anticorrupção, de agosto daquele ano, e o fim do voto secreto no Congresso. O governismo da base subiu para 78%. Em compensação, o ano eleitoral de 2014 viu o governo novamente perder a fidelidade da base à medida que aumentavam as demandas por apoios regionais. O PP, por exemplo, se dividiu no apoio à reeleição de Dilma e ao tucano Aécio Neves. "No caso dos partidos da coalizão, a lógica foi de não aprovar tudo de interesse do governo para se ter uma margem para a negociação e aumentar a pressão para obter benefícios", observa José Álvaro Moisés, professor de Ciências Políticas da USP.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Partidos contemplados em ministério são menos fiéis a Dilma que em 2011
Foi um peemedebista, o deputado Eduardo Cunha (RJ), candidato a presidente da Câmara, o principal articulador do blocão, grupo interpartidário formado por parlamentares insatisfeitos com o governo, responsável por dificultar a vida do Executivo na Câmara na segunda metade do mandato passado. O ápice dessa tensão foram as votações do Orçamento Impositivo e o decreto de criação dos Conselhos Populares, derrubado pelo Congresso. Dos partidos hoje contemplados no governo, o PSD foi o que registrou em meados de 2013 o menor índice de governismo, ficando abaixo dos 50%. Nesse período, Dilma também viu sua popularidade desabar, após as manifestações de junho daquele ano. Na média geral, a sigla criada a partir do oposicionista DEM pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, hoje ministro das Cidades, ficou apenas 2 pontos porcentuais acima do PP, partido apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como um dos principais beneficiários de um esquema de desvios em contratos da Petrobras. No período de menor fidelidade da base, o governo sofreu derrotas significativas na Câmara, como no projeto para a criação de novos tribunais regionais federais - o Executivo era contra, por causa do impacto orçamentário, mas os deputados votaram a favor das novas cortes. A retomada da fidelidade da base, ainda que abaixo dos índices vistos na primeira metade do mandato, foi estimulada curiosamente pelas manifestações de 2013. Sob o impacto dos protestos de rua, o governo e o Congresso se mobilizaram em criar a aprovar uma agenda positiva, com projetos como a Lei Anticorrupção, de agosto daquele ano, e o fim do voto secreto no Congresso. O governismo da base subiu para 78%. Em compensação, o ano eleitoral de 2014 viu o governo novamente perder a fidelidade da base à medida que aumentavam as demandas por apoios regionais. O PP, por exemplo, se dividiu no apoio à reeleição de Dilma e ao tucano Aécio Neves. "No caso dos partidos da coalizão, a lógica foi de não aprovar tudo de interesse do governo para se ter uma margem para a negociação e aumentar a pressão para obter benefícios", observa José Álvaro Moisés, professor de Ciências Políticas da USP.