O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, nos primeiros momentos da explosão do escândalo da empresa com empreiteiras, políticos, ex-diretores, doleiros, funcionários da estatal e até integrante da Polícia Federal, ficou silencioso. Manteve-se na expectativa do que viesse a acontecer, até seu nome surgir – não faz muito – na grave complicação em que a petroleira está imersa. Seguramente, o ex-presidente estava, quando em silêncio, a meditar sobre as medidas que tomaria, porque era mesmo de se esperar que o seu nome surgisse, na medida em quer permaneceu sete anos como presidente da estatal, de 2005 a 2012, quando foi afastado no primeiro ano de governo Dilma Rousseff. Ambos não se bicam.
Nesta sétima fase da Operação Lava Jato, Gabrielli passou a ser presença constante na mídia nacional e – é uma suposição do jornalista – teria posto em prática o que meditara no seu período de silêncio. Mirou o topo e laçou Dilma, puxando-a para o tablado e a denunciando, em primeiro, pelo escândalo da compra da refinara de Pasadena, no Texas. Acertou o alvo e em cheio. Denunciou a presidente, que na época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, como a principal responsável pelo negócio. A última palavra seria do Conselho. O que ele diz, o fez em cima da declaração da própria presidente ao alegar que a decisão do colegiado fora tomada a partir de um documento juridicamente incorreto, por mais incrível que possa parecer condensado numa página e meia de papel ofício.
Ora, se Dilma Rousseff reconhece que o documento era juridicamente incorreto, como poderia colocá-lo à aprovação do colegiado? A explicação fica difícil. Que fez então Sérgio Gabrielli? Responsabilizou-a pela aceitação do que estava incorreto e, a partir daí, o negócio fora fechado com uma empresa belga que acabou por levar à Petrobras um prejuízo de quase US$ 800 milhões. Os bens dos principais diretores, inclusive do ex-presidente da estatal foram colocados em indisponibilidade até que, neste início de ano, o ex-presidente da Petrobras foi à luta, responsabilizando Dilma Rousseff e todo o Conselho. A princípio e ao que emerge, se alguém tem que pagar pelo prejuízo, o colegiado e Dilma, por suposto, também terão que arcar, porque a decisão que determinou a compra da refinaria saiu daí e não apenas dos diretores que encaminharam a documentação – que parece não ter sido convenientemente analisada – ao colegiado. Isso é que justifica a existência de um conselho e não o pagamento de jetons de valores altíssimos aos conselheiros.
Assim posto, surge no palco o Tribunal de Contas da União, que terá que tomar uma decisão sobre o caso criado. O Conselho participa ou não da partilha do prejuízo? Se não participará, qual a justificativa que o TCU terá a dar, inclusive sobre a serventia de colegiados que estão presentes nas administrações federal e estaduais, o que também vale como uma forma (quase escondida) de ampliar a receita de ministros, secretários e diretores? São os chamados penduricalhos, no caso dos Conselhos, penduricalhos gordos. Se ganha jetons, tem responsabilidade; se há responsabilidade, como ficar de fora da tese que José Sérgio Gabrielli coloca às claras e que acerta a presidente Dilma Rousseff?
Aliás, a presidente diz uma coisa e pratica outra. Na campanha eleitoral pregou uma política. Eleita, está a cometer outra, justo a que foi proposta pela oposição, com aumentos generalizados nos preços, atingindo todas as classes sociais, principalmente a média-baixa e a baixa. Quando a oposição expôs o que faria é porque sabia que o primeiro quadriênio da presidente estava a caminho do brejo diante de uma crise sem tamanho, que nasceu aqui, com a política errada do ministro da Fazenda Guido Mantega, e não no exterior, como costuma dizer, sem eira nem beira, a presidente da República.
Aliás, ninguém ouve mais o tom da sua voz. Desde a posse está silenciosa. Outras bocas falam por ela. Toca o bonde.Fonte:Bahia Noticias