O fator determinante para que se tenha uma idéia de como se comportará o Congresso Nacional e, de resto, os políticos de maneira geral nestes 2015, está em linha direta com o que emergirá, possivelmente no início de fevereiro, a partir da revelação de quantos e quais políticos estão sob investigação por envolvimento no Lava Jato. A princípio não se deve levar em consideração a lista de 28 políticos denunciados por Paulo Roberto Costa. Nem, muito menos, desprezá-la. O número deles pode ser maior, ou menor.
Desde novembro surge, entre os por ora fantasmas da lista, o nome de Eduardo Cunha – sem que fosse diretamente citado. Trata-se do principal candidato à presidência da Câmara. Cunha recua, avança e desmente. Nega que tenha recebido dinheiro oriundo do doleiro Alberto Youssef, tal como Antônio Anastasia, ex-governador de Minas Gerais e senador eleito em outubro último.
Anastasia é nome de destaque do PSDB nacional, e dentre seus argumentos de defesa, cita o fato de a Petrobras não ter, como de fato não tem, obras em Minas. Não justifica porque o problema não é exatamente este. O dinheiro da propina petroleira também servia para reforçar as campanhas dos candidatos a cargos eletivos em diversas unidades federativas, e talvez seja por aí que se situa o envio pelo doleiro de R$ 1 milhão para o mineiro. Cristão no processo de denúncia, ele esperneia, mas será obrigado a provar que ficou distante do escândalo. Se cair na malha ficará em dificuldades.
O mês de fevereiro será, assim, um mês das bruxas para os políticos. Bruxas ou supostas bruxas da idade média que eram queimadas em fogueiras públicas pela inquisição da Igreja Católica. Significará, espera-se, também um mês em que emergirá a absoluta necessidade de uma limpeza na política brasileira, na esperança de que, a partir daí, tenhamos partidos mais preocupados com a seriedade em relação ao Brasil, incinerando-se parte da corrupção, o que, pelo tempo em que se mete a mão nas arcas públicas, é uma operação difícil. Portanto, ser corrupto transformou-se em quase um sinônimo de ser político. É um carimbo que se espraiou na classe, de maneira quase geral.
Aqui na Bahia surgem rumores – e não são pequenos – de que o chefe da Casa Civil e Rui Costa, Bruno Dauster, estaria na corda bamba, não de Rui, mas da sua imagem. Nas suas declarações de bens teria revelado ser sócio do Web Hotel de Salvador, cujos principais sócios (majoritários) seriam o doleiro Alberto Youssef e o empresário baiano dono, dono da UTC, Ricardo Pessoa, uma das empreiteiras mais envolvidas com o Lava Jato. Ambos estão sob investigação, o primeiro beneficiado com a delação premiada. O fato de ser sócio não significa, a princípio, nada que macule, com suspeição, o novo chefe da Casa Civil do governo baiano. De outro modo, é impossível evitar especulações sobre o relacionamento entre dois dos principais envolvidos no escândalo que balança a Petrobras. É a velha história da pulga atrás da orelha. Quando se encontram indícios, levantam-se suspeitas que acabam por atingir quem traça seu roteiro de vida com honestidade. Não convém, por ora e portanto, levantar qualquer suspeição. Não é por aí.
O fato é que o mês de fevereiro não será somente o Carnaval que dará a nota e o tom, mas a corrupção que, se apontar um número considerável de deputados e senadores envolvidos, o Congresso irá rodopiar e as pressões da sociedade serão imensas para que haja uma varredura com a cassação dos envolvidos. A renovação do legislativo será um fator que contribuirá para uma ampla mudança no Poder.Fonte:Bahia Noticias