O governador e o comandante da coorporação | Fotos: Mateus Pereira/GOVBA
Após o governador Rui Costa anunciar que pretende tirar quatro mil policiais militares do serviço burocrático e coloca-los para trabalhar na rua, no policiamento ostensivo, associações ligadas à corporação apontaram, em entrevista ao Bahia Notícias, problemas na elaboração do projeto. No entanto, mesmo com críticas, elas classificaram o ato como “positivo”. Principal representante da categoria e deputado estadual, Soldado Prisco (PSDB) enfatizou que o projeto “precisar ser aprofundado” e prometeu “não só fazer oposição, como fazer com que as coisas aconteçam de forma correta” quando a reformulação for encaminhada à Assembleia Legislativa da Bahia. De acordo com o tucano, muitos dos agentes que estão no serviço interno não podem ir para a rua por conta de problemas de saúde. “Hoje, praticamente 50% dos PMs que estão no serviço administrativo têm restrição médica”, disse, ao citar um dado próprio. Além disso, Prisco - que foi o líder das duas últimas greves da categoria no estado – afirmou que muitos destes que vão para a rua irão “precisar de um curso de reciclagem”. Ainda no bojo das críticas, o parlamentar apontou a possível criação do Batalhão de Operações Especiais – o Bope -, que foi promessa de campanha do governador Rui Costa (PT). “Como é que você quer criar o Bope se já tem o Choque, que cumpre a mesma função? Com a criação do Bope, você cria cerca de 500 cargos administrativos a mais”, especulou, mais uma vez, ao citar um dado próprio.
Marco Prisco (PSDB) | Foto: Divulgação
Presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM-BA), o sargento Roque Santos disse não ter “nada contra” o anúncio feito por Costa, mas duvida que o petista consiga colocar quatro mil homens nas ruas do estado. “Acho que ele está superestimando esse número. Nem todo mundo pode ir para a rua”, justificou. Ainda de acordo com o líder, os funcionários que devem voltar da aposentadoria para ocupar o serviço burocrático precisam, também, de uma reciclagem. “Tem que ver a qualificação dessas pessoas para manter o nível do serviço”, afirmou. A APPM conta hoje, segundo o presidente, com oito mil associados diretos. Presidente da Associação dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais da Polícia Militar da Bahia (ABSSO), o sargento Jackson Costa também duvidou que os PMs que irão assumir os postos de trabalho no setor burocrático mantenham o bom andamento dos serviços. “Tem muitos PMs que, depois da reserva procuram ‘bico’. Para estes, a medida pode até ser boa, porque a pessoa vai ter uma atividade dentro da corporação, com dinheiro e uma certa garantia de vida. É uma faca de dois gumes”, avaliou. De acordo com as contas do governador petistas, 1.200 homens estão cedidos a outros poderes. Na parte burocrática, mais dois mil estão lotados e o restante está "emprestado" a prefeituras. "Esta não é uma função de um policial militar e nós vamos consertar isso. Trabalho de porteiro deve ser feito por porteiro. Trabalho de vigilante deve ser feito por vigilante. Nós queremos valorizar nossos profissionais para que possam atuar nas atividades fins, para as quais fizeram concurso público para serem policiais civis e militares. E vamos implementar algumas medidas de reorganização das duas polícias, de modernização, e instalar, não só na Região Metropolitana mas no Estado inteiro, câmaras com monitores para otimizar o trabalho da polícia naquelas áreas onde há um potencial maior de crime", afirmou o governador, em entrevista ao jornal A Tarde.