sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Delator entrega notas fiscais usadas para cobrir propina do PMDB
O executivo Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, entregou ao Ministério Público Federal duas notas fiscais usadas para "cobrir" movimentação de dinheiro de propina no exterior. Segundo o Blog do Fausto Macedo, no Estadão, o montante seria destinado ao empresário Fernando Soares, o 'Fernando Baiano', apontado como operador do PMDB nos desvios de contratos de obras da Petrobras. Na última quarta-feira (18), os documentos foram juntados aos autos da ação penal que corre na Justiça Federal, no Paraná, contra Fernando Baiano e o ex-diretor da área Internacional da estatal, Nestor Cerveró. Extratos do banco Merryll Lynch indicam movimentação de US$ 2.715.972 milhões de duas empresas de Julio Camargo, entre os meses de outubro e novembro de 2010, para uma conta da Devonshire Global Fund. A titularidade da conta era do doleiro Alberto Youssef, personagem central da operação. Os valores foram usados como 'empréstimos' em favor da Devonshire, para que Youssef pagasse propina devida pelo executivo para o susposto operador do PMDB na diretoria Internacional. O PMDB nega envolvimento com práticas ilícitas. Fernando Baiano está preso desde o ano passado na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Na delação premiada que fez, Camargo explicou que Fernando Baiano pediu propina de US$ 25 milhões para a compra de uma segunda sonda para a Petrobras, que seria instalada no Golfo do Médico. Pela compra da primeira sonda, instalada na África, Fernando Baiano havia levado, segundo o delator, uma propina de US$ 15 milhões. Camargo contou que a Samsung, de quem a Petrobras havia comprado as sondas, suspendeu uma parte do pagamento e ele ficou sem dinheiro para repassar a propina a Baiano. Ao tentar explicar a situação ao operador, Baiano deu seis meses para Camargo efetuar o pagamento. "Alberto Youssef sugeriu ao declarante (Julio Camargo) que fizesse aportes na GFD Investimentos, alegando que precisava de recursos em tal empresa de origem conhecida, para terminar empreendimentos hoteleiros", relatou Camargo. O executivo acrescenta que foram feitos contratos simulados de investimentos entre três empresas de sua propriedade e a GFD: a Piemonte teria transferido R$ 8,73 milhões; a Treviso, R$ 1,85 milhão e a Auguri, R$ 1,15 milhão. Camargo não soube dizer como Youssef pagou estes valores a Fernando Baiano, mas "Soares não reclaomou ao declarante, de maneira que certamente o acerto foi feito". Para completar o pagamento de seu saldo com Fernando Soares, Julio Camargo disse que injetou US$ 8 milhões em empresas indicadas por ele no Brasil.