domingo, 8 de fevereiro de 2015
Para ir a cruzeiro de Roberto, fãs cruzam país e desembolsam até R$ 40 mil
Maior ídolo pop da música brasileira, Roberto Carlos tem o poder de transformar fãs em seguidores compulsivos. Alguns, especialmente as mulheres, na casa dos 60 anos, são tão dedicados que jamais deixaram de acompanhá-lo em seu cruzeiro anual, que em 2015 chegou a 11ª edição.
Para não faltar no passeio é preciso fazer sacrifícios, como voar quase 3.000 km, brigar com namorado, faltar no aniversário da mãe e até desembolsar R$ 40 mil para curtir com a família os quatro dias de shows e overdose do autor de "Emoções" em alto-mar. Para quem gosta de verdade de Roberto Carlos, todo esforço vale a pena.
"Hoje em dia eu trabalho só para ir atrás do rei. É meu lazer. E não há preço que pague. Deus sempre me recompensa com outras coisas. Dando mais clientes, mais trabalho. Saúde. Fico fortalecida", diz a empresária Zuleica Budau, de 60 anos, dona de um salão de beleza em João Pessoa, na Paraíba.
"Sou casada há 30 anos. Quando meu marido me conheceu, eu disse que havia três coisas de que não abro mão: minha filha, minha avó, que morava comigo, e o Roberto Carlos", diz Zuleica, que, recentemente, seguiu o ídolo nos shows de Jerusalém e Las Vegas.
Mas nem sempre a relação é harmoniosa no triângulo amoroso permanente em que vive parte das fãs de Roberto Carlos. "Meu ex-marido não gostava. Brigava. Todos os meus namorados tinham ciúmes do Roberto. E sempre escuto essa mesma história das minhas clientes", diz a advogada Eduarda Guimarães, de 60 anos, que só pulou um cruzeiro, em 2014, por causa de um problema no trabalho.
Eduarda, que mora em Campinas e calcula ter ido a mais de cem shows de Roberto, dá uma justificativa simplória para a devoção, que parece estar na ponta da língua de praticamente todos os fãs -- mesmo homens.
"Pra mim, ele significa amor. Ele consegue cantar o amor em todas as nuances. Amor romântico, amor a Deus. Amor à mãe, ao pai. É tudo o que homens e mulheres gostam de ouvir e sentir. Um amor verdadeiro", completa a advogada, que acompanha o rei desde os anos 1960, época do programa "Jovem Guarda", da TV Record.
Já a produtora de edição Regina Morrone, de 65 anos, tem o privilégio de poder escolher a que evento de Roberto Carlos prefere ir. Todos os anos, os sobrinhos disputam quem dará de presente a ela a viagem no cruzeiro MSC Preziosa ou em outros shows no Brasil. "Meus parentes sempre vão para Europa e EUA. Mas minha preferência é aqui. Prefiro estar aqui a sair do Brasil. Vale muito mais a pena pra mim. Mesmo quando é presente repetido. Não troco por nada."
O caso do médico ginecologista Alan Werneck, de 46 anos, é um pouco diferente. Dói no bolso. Mas é uma "dor" reconfortante, que fala mais alto até que compromissos familiares. "Esse ano, por exemplo, deixei de ir ao aniversário da minha mãe, que sempre faz festa no período de cruzeiros. Tenho que dar sorte", diz Werneck, que gasta anualmente até R$ 40 mil nos pacotes do cruzeiro, incluindo cabines para mulher e os dois filhos, além das diversas opções de lazer.
"Gosto do Roberto porque ele fala do romantismo do homem para mulher, não só do contrário. Minha esposa nem é aquela fã, mas eu e meu filho adoramos."