quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Poeira do Saara atravessa oceano, automóveis de Roma e viaja até a Amazônia, mostra a Nasa
A chuva e os ventos que movem a areia do Saara a levam para muito mais longe do que Roma, como sugere a obra de Caetano Veloso. De acordo com pesquisa divulgada publicada na revista "Geophysical Research Letters", a nuvem de poeira atravessa o Oceano Atlântico e se deposita na Amazônia. Através de um satélite da Nasa, os cientistas puderam calcular em três dimensões a quantidade de poeira que faz esta viagem transatlântica e quanto fósforo - remanescente das areias saarianas - é levado através do oceano. Segundo Hongbin Yu, cientista atmosférico da Universidade de Maryland, que trabalha no Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, em Maryland, EUA, esta viagem transcontinental de poeira é importante por conta do que está no pó, como nutrientes que são essenciais para o florescimento da flores. Os nutrientes - os mesmos encontrados em fertilizantes comerciais - estão em falta em solos da Amazônia. Entretanto, eles estão presos nas próprias plantas. Quando caem, a decomposição das folhas e matéria orgânica fornece a maioria dos nutrientes ao solo, que são rapidamente absorvidos pelas outras plantas e árvores. Mas, alguns nutrientes, incluindo o fósforo, são lavados pela chuva em córregos e rios. Estima-se que 22 mil toneladas do fósforo da areia do Saara atinja o solo amazônico por ano. É quase o mesmo montante perdido na chuva e inundações, disse Yu.