"É um momento bastante sombrio". Assim o ex-presidente Fernando Henrique Cardozo, uma das principais lideranças do PSDB, descreve sua percepção do atual cenário do país. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o tucano falou sobre os movimentos que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e da crise política que a petista atravessa.
Para FHC, o mais provável é que a situação não se encaminhe para um processo de afastamento de Dilma - mas sim que o governo"fique cozinhando o galo em fogo brando" ao longo dos próximos quatro anos. Ele afirma, porém, que não pode dizer que o impeachment seja impossível.
Ao comparar o atual momento político no Brasil àquele em que se deu a saída de Fernando Collor, FHC afirmou: "Na época, a sociedade sancionou o impeachment, Collor não reagiu e os partidos tinham condição de operar a transição. Não vejo a mesma coisa hoje". O tucano ressalta, porém, que não pode dizer que um processo de impeachment contra Dilma seja impossível.
Segundo FHC, a única conexão entre Collor e Dilma é que ele também não sabia como manejar o Congresso.
O tucano avalia que a atual crise política colocou o PMDB na oposição e "com razão". "O governo criou caso com a própria base, então fica difícil", afirma. "É muito ruim que o governo não reconheça erro nenhum", disse. Sobre a viabilidade de conversas entre ele e o ex-presidente Lula, foi enfático: "Qual seria o significado de um encontro meu com o presidente Lula? Ele tem, primeiro, que pacificar a situação dentro do partido dele.
Nunca me neguei a discutir uma pauta. Agora, essa pauta não pode ser um conchavo [...]. Dá pra convergir? Não dá? Mas a visão de Lula não é essa, ele quer o contrário, quer acusar. Ele é o bom, nós somos os maus. Então, é quase impossível". Sobre a menção de Lula ao exército de Stédile (líder do MST), FHC afirmou que quem foi presidente da República não tem direito de brincar com questões sérias.
O ex-presidente também tratou da tentativa do PT de jogar para seu governo a culpa pelos desmandos na Petrobras - e classificou o movimento como "patético". Afirma também que o nome do senador mineiro Antonio Anastasia foi incluído na lista do petrolão para enfraquecer o PSDB e que a acusação contra ele "parece história da carochinha".
Fonte:Veja