terça-feira, 17 de março de 2015
por Samuel Celestino: Ou muda a interlocução ou não há acordo
O núcleo político do Palácio do Planalto, liderado pela presidente Dilma, está na obrigação de encontrar uma fórmula pacificadora entre o Executivo e o Congresso Nacional, de sorte a descobrir um caminho para facilitar o entendimento entre os dois poderes. Sem que isso aconteça, o clima de crise continuará a pairar sobre a República, dificultando os entendimentos entre o governo e os congressistas que, de há muito, não experimentam uma situação como a que agora se vê instalada. O governo tem interlocutores fracos para cuidar dos entendimentos políticos, enquanto no Congresso – Senado e Câmara – dá-se o inverso: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha dá todas as cartas, conseguiu a respeitabilidade dos parlamentares de diferentes partidos e, no Senado, Renan Calheiros, mesmo baleado, assume uma postura de desencontro em relação ao Palácio do Planalto. Sem que haja instalado um clima de entendimento não será possível chegara-se a um denominador comum sobre as propostas de mudanças que o ministro da Fazenda Joaquim Levy necessita para mudar os rumos da economia. Ou se realiza um pacto entre os dois poderes ou a economia não sofrerá mudanças estruturais que o País está a exigir. Embora marcados pela Operação Lava Jato, Câmara e Senado estão mais atuantes por dispor, ao contrário do Palácio do Planalto, de bons interlocutores para negociar acordos que possam tirar o País do buraco em que foi metido. Nos próximos dias a presidente promete remeter ao Congresso um pacote de combate à corrupção que se entranhou em variados setores da República, além das medidas que já se encontram nas duas Casas, essenciais para, queira-se ou não, com apertos ou não, mudar o quadro de crise. O desafio está no Executivo e o no Legislativo. Para que o Palácio tenha êxito, terá que mudar seu cenário interno, com uma reforma ministerial precoce livrando-se de alguns membros da sua equipe. Dilma não teve sorte, ou foi muita teimosa, ao dividir o ministério entre partidos que apresentaram integrantes incompetentes para realizar as interlocuções políticas.