Envolvida em situações antes impensáveis, a presidente Dilma Rousseff resolveu, ou, afinal, passou a aceitar conselhos na tentativa de mudar algumas posturas do seu governo – e dela própria - dentre as quais repensar os ajustes fiscais que ameaçam, em parte, a classe trabalhadora. Menos mal. Afinal, desenham-se à sua frente momentos dificílimos para a população em geral, atingindo (consequência da inflação que já dispara para 8%) a classe média e média baixa. Resumindo: o povão é que enfrenta a tempestade econômica porque, de maneira geral, a classe mais abastada não se abala: tem condições de enfrentar a crise e esperar que haja uma melhora no próximo ano ou o subsequente.
Acontece que para a presidente não há mesmo outras saídas senão baixar a guarda, ter mais sensatez, engolir o prato que lhe cabe, além de passar a governar com menor prepotência e a arrogância que costuma exibir. Quanto mais agir assim, mais ficará isolada no seu labirinto, o que já ocorre. De tal maneira é que seus ministros preferem ficar à distância a estabelecer diálogos com a mandatária, o que seria de esperar numa situação grave e crítica como a que o País atravessa. Na pesquisa da CNT do início da semana, notou-se com os resultados que ela caminha para o fundo do poço mais rapidamente do que se supunha. Sua rejeição chegou a 65%, e seu governo passou a ser considerado bom apenas por 10% dos entrevistados.
Pouquíssimas vezes ocorreram situações como tal na República, desde que as pesquisas são realizadas. Segundo Marta Suplicy, numa imagem desconcertante, disse ela em artigo que publica semanalmente, que a presidente governa voando como se barata fosse. Às cegas. Marta, personagem histórico do PT, está deixando a legenda em busca do PSB. O partido, aliás, poderá vir a desabar, assim como ocorreu com a Arena dos ditadores, transformada depois em PDS, mais adiante em PFL e, por fim, em DEM, que já não consegue obter, exceto aqui em Salvador com ACM Neto, resultados eleitorais positivos. Os partidos nascem e morrem. Para o DEM a única saída é tentar uma fusão com outra legenda, o que já estuda.
A presidente está sitiada, coisa rara, pelo Congresso. Especialmente pela Câmara comandada pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB), estrela nova diante da crise que esta instalada. Nada é mais perfeito para entender Dilma senão lembrar o velhíssimo ditado “cada dia a sua agonia”. Agonia que, no seu caso, a cada dia piora e a distancia da interlocução política e, naturalmente, do povo. Produziu no seu mandato anterior tantas e tantas mentiras que a população, só agora, entendeu que foi engabelada na campanha eleitoral. Aliás, neste aspecto deve-se colocar também em foco o processo de queda do marketing político que tem comandado as últimas eleições no País a partir da candidatura (também mentirosa) de Fernando Collor.
Se não houver uma mudança na forma de conceber uma nova estrutura do marketing, em novo formato, seguramente ele afundará, porque perderá a credibilidade. Hoje se apresenta aos olhos da população como uma manipulação para eleger, a elevadíssimos custos, políticos a cargos executivos. Custos que podem ter surgido nas maracutaias da corrupção que, no momento, arrepia os brasileiros. No marketing de ontem e de anteontem, vale tudo, contanto que o candidato que o contratou tenha sucesso eleitoral. A partir da eleição do contratado mandam-se tudo às favas.
No de Dilma, valeu a mentirada pré-eleição onde tudo se resolvia no breu das tocas. Explorou-se, na campanha a base da pirâmide social onde se situam os mais necessitados e os mais desinformados e pré-alfabetizados. Foi o que aconteceu. A safra das mentiras veio à tona e a presidente perde nas pesquisas até nesta base. O povo tomou conhecimento do engodo.
A fragilidade que no momento se observa acompanhando Dilma Rousseff passa a ser tamanha que ela se arrisca (se já não aconteceu), ser refém do Congresso, especialmente da Câmara dos Deputados. Corre o sério risco de a presidente ceder os seus anéis até ao presidente do Senado – que diria – Renan Calheiros. É como na valha historio do ou dá ou desce. Renan se tornou, mesmo citado e investigado pelo Supremo Tribunal Federal a partir da Operação Lava Jato, o novo reizinho destes trópicos. Não é só ele. Também os aliados do Palácio do Planalto, como as centrais sindicais, que estão a serviço de Lula. A guerra é ser contra o aumento dos impostos, com os empresários também a reclamar. Aliás, reclama o País inteiro, e o grito se ouvirá mais alto quando começarem (de certo modo já começou) o grito sem pecados dos trabalhadores para aumento de salários.Fonte:Uol