Tem ficado cada vez mais difícil e caro para um novo artista produzir, divulgar e comercializar o seu trabalho no mercado musical. Depois que algumas fórmulas antigas e corriqueiras, como o famigerado e perseguido Jabaculê, popularmente conhecido como Jabá (espécie de suborno pago pelas gravadoras as emissoras de Rádio ou TV para a execução de determinada música de um artista) deixaram de existir e consequentemente ser via de regra na divulgação de um artista, que espaços antes “reservados” a novos produtos, foram ocupados pelas grandes produtoras, para suprir o que perderam.
E com isso, uma forma “fácil” de divulgar o artista, de uma hora pra outra, deixou meio mundo de gente na mão, obrigando o meio a conceber novas fórmulas para divulgar, e consequentemente empreender, para atender as necessidades hora surgidas.
E essas novas formas, quais são? Bem, hoje já se é possível identificar de forma clara algumas delas como, por exemplo, o pioneiro na divulgação informal: o conhecido pirateiro. O pirateiro surgiu num primeiro momento, quando a internet ainda não estava disponível a todas as camadas sociais (no começo do século XXI o acesso à internet ainda era muito caro), como uma saída para a compra de cd’s a preços mais baratos. Naquela época, a mesma indústria que fabricava a obra para o artista, confeccionada e vendia cd’s virgens e graváveis no mercado, possibilitando a comercialização paralela e pouco taxada de obras regravadas das originais.
Mas, essa ferramenta informal depois de um certo tempo, e com a saída do “jabá” do mercado, começou a ser usada como divulgação de novos produtos que eram ofertados gratuitamente ao “empresário informal”. Ou ainda novas ferramentas de internet como o streaming (Spotify, Dezzer, Rdio, grooveshark e etc...) ou download de vídeos/áudios no YouTube. Somente para entender e mostrar para os que desconhecem ou só se preocupam com a divulgação em rádio e televisão como forma única de aparecer, em se falando da comercialização, aquisição ou apenas audição de música pela internet o crescimento de baixar música nessa ferramenta, saltou de míseros 2 milhões de downloads em 2011 quando começou a ser computada, para expressivos 30 milhões em 2014. Ou seja, hoje mais do que antes, tocar no rádio ou na televisão pode não ser a única forma de se fazer conhecido e ouvido.
E mais: 67% das pessoas que entram no YouTube o fazem para ouvir música, ou ainda, a cada dez curtidas que são feitas no Facebook nove são para clipes de música. Tudo isso, serve para ilustrar a desnecessidade de aparentemente de ter sua música referenciada em emissoras como fator preponderante de ser ou ter sucesso.
Lógico, quando digo isso, estou falando sobre um trabalho continuo e mais vagaroso, pois a diferença entre divulgar seu produto em ferramentas alternativas e partir para o que está alicerçado no mercado está no tempo que ele vai levar para atingir as massas. Já que tanto a televisão quanto o rádio ainda têm a primazia de chegar a muito mais pessoas ao mesmo tempo, de uma única vez.
Fora isso, o sucesso, acredite, está sua qualidade musical. Acreditar no seu potencial enquanto produto, e poder mostrar seu trabalho seja em rádio, televisão, internet ou no pirateiro é um importante passo para o sucesso, mas ser uma boa banda ou um bom cantor, ainda ajuda muito. E como ajuda.
Luis Ganem
luisganem@bahianoticias.com.br