Nova Ibiá, no médio Rio de Contas, não é uma cidade de muita fé religiosa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, dado de 2010), o município é o "mais ateu" do país, com 59,85% dos pouco mais de sete mil moradores descrentes em Deus.
Apesar da pouca fé no divino, a cidade tem alguns motivos para ter muita fé no futuro. De acordo com o último ciclo de revisão cadastral 2014 do Bolsa Família, o município foi o maior (proporcionalmente) em retirada de famílias do programa por melhoramento de renda – ou seja, mais famílias saíram da linha da pobreza e passaram a poder sustentar suas próprias casas sem a ajuda do governo.
O número é modesto e pequeno – 9,2% –, mas aponta que 51 grupos familiares saíram da extrema pobreza e deixaram de receber o benefício básico, 31 informaram renda superior ao exigido pelo programa social e 60 não participaram do recadastramento.
Em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, e com menos ateus do que em Ibiá, 8,7% das famílias deixaram de receber a ajuda do governo federal. Lá, 42.890 famílias participam da iniciativa, destas 1.420 saíram da extrema pobreza, 2.093 apresentaram renda superior e 1.639 não se recadastraram.
Após o levantamento, 3.732 grupos familiares saíram do programa. Em Ubatã, também no médio Rio de Contas, 6,9% das famílias, após o recadastramento, saíram do Bolsa Família. Na cidade, 119 saíram da extrema pobreza, 75 informaram renda superior ao abarcado pelo programa e 111 não se recadastraram. Seguem nas 10 primeiras colocações as cidades de Simões Filho (6,5%), Mirangaba (6,4%), Caculé (6,3%), Valente (6,3%), Porto Seguro (5,3%), Licínio de Almeida (5%) e Jaguaquara (4,9%).
Das 142,6 mil famílias baianas beneficiárias que deviam participar do processo de atualização de dados do Cadastro Único no estado, 37 mil informaram um aumento de renda. Em todo o país, 436,2 mil famílias tiveram a mesma situação registrada. Deste total na Bahia, 19,4 mil famílias superaram o valor mensal de R$ 154 por pessoa, que dá direito ao Bolsa Família. Isto significa que elas saíram da pobreza e, por isso, não receberão mais o benefício, de R$ 170 em média. As demais 17,6 mil declararam ganhos acima da faixa da extrema pobreza, caracterizada por renda mensal de até R$ 77 por pessoa da família.
Nesse caso, começarão a receber um valor menor do Bolsa Família. A revisão cadastral de 2014 teve a maior participação histórica entre os beneficiários. Cerca de 123,8 mil famílias – 86,8% do total que precisava atualizar seus dados – compareceram nos Centros de Referência da Assistência Social e nos postos de atendimento do Bolsa Família nas cidades baianas, durante o ano de 2014 até o dia 20 de março último. As 18,8 mil famílias que não fizeram a atualização terão o benefício cancelado já a partir deste mês.