Uma das perguntas que Roberto Cabrini não fez para Edir Macedo na entrevista de uma hora e meia exibida domingo pelo SBT diz respeito à compra da Record. Justiça seja feita, nem Cabrini nem qualquer autoridade do Ministério das Comunicações e da Anatel, responsável pela regulação do setor no Brasil, questionaram até hoje Macedo sobre o tema depois da publicação de Nada a Perder, seu livro de memórias.
Na obra escrita por Douglas Tavolaro, vice-presidente de Jornalismo da Record, Macedo conta que o pastor (e posteriormente deputado federal) Laprovita Vieira é quem o representava na elaboração da proposta para Silvio Santos e a família Machado de Carvalho, detentores da emissora na ocasião. Relatou Macedo no livro:
- Eu sabia que, se aparecesse logo de imediato, a negociação seria superfaturada ou desfeita possivelmente por preconceito. (…) Por isso, seu Vieira comparecia em todas as reuniões com um maço de cigarro à mostra no bolso da camisa. Ninguém desconfiou que era eu quem estava por trás de uma compra tão importante.
Só no pagamento da segunda parcela do primeiro sinal do pagamento, quando tudo já estava fechado, é que o bispo da igreja Universal admitiu suas intenções para os vendedores do canal:
- Eu sou o bispo Macedo. Sou eu quem estou à frente da compra da Record
Ou seja, sem qualquer preocupação, Macedo admitiu em Nada a Perder que usou um testa-de-ferro para negociar a compra da Record – ou seja, um ato completamente irregular na área das concessões públicas. O negócio foi fechado em 1989 por 45 milhões de dólares.
Por Lauro Jardim(Veja)