sábado, 11 de abril de 2015
Publicitário investigado por pagar propina a Vargas pode ser novo homem-bomba da Lava Jato
Ex-vice-presidente da agência Borghi Lowe, Ricardo Hoffmann foi um dos presos na nova fase da Operação Lava Jato e é investigado por ajudar a operar o esquema de corrupção do ex-deputado petista André Vargas dentro da filial da agência em Brasília. O publicitário era referência para quem quisesse angariar contratos com órgãos públicos, segundo a Veja, por ter aprendido "os meandros das licitações públicas de empresas estaduais" quando trabalhou na área de atendimento de agências publicitárias do Paraná. "Ele era especialista em combinar contatos políticos com bons resultados em licitações. Agia, sobretudo, nos bastidores", afirma o sócio de uma agência em Brasília que preferiu não ter sua identidade revelada. Em 2007 - um ano depois de a multinacional Lowe comprar a agência Borghierh -, Hoffmann foi indicado pela diretoria da Lowe para assumir a chefia do escritório de Brasília. Entre 2008 e 2009, a agência passou do 14º para o 4º lugar em faturamento e o número de clientes saltou de 12 para 25. Um deles era a Caixa, com contrato de R$ 260 milhões - em 2013, o valor passou a ser R$ 1 bilhão. Conforme publicado pela Veja, Hoffmann sempre conseguiu as melhores campanhas da Caixa, como as da Loteria, consideradas o 'filet mignon' por serem constantes e veiculadas nacionalmente. Executivos de agências concorrentes contam que a avaliação para escolher a agência nem sempre era o menor preço. Dizem que havia "critérios subjetivos" da comissão de seleção do banco. O Ministério Público Federal (MPF) apurou que, em troca de um bom cliente, a agência se dispunha a ajudar seus benfeitores valendo-se de artifícios ilegais, como a lavagem de dinheiro. Segundo decisão do juiz Sergio Moro, a Borghi Lowe solicitava empresas subcontratadas que realizassem pagamentos vultosos sem contrapartida de serviços. Tais repasses eram feitos às firmas LSI e Limiar, controladas pelos irmãos Vargas. "Os fatos caracterizam, em princípio, crimes de corrupção, com comissões devias à Borghi Lowe sendo direcionadas como propinas e sem causa lícita a André Vargas e aos irmãos deste por intermédio do estratagema fraudulento", afirmou Moro. Hoffmann é apontado como 'apadrinhado' do deputado André Vargas (ex-PT) e o superintendente de Marketing da Caixa, Clauir Luiz Santos (PT), também nutre laços com ex-deputado preso. Além da Caixa, a agência de Hoffmann tem contratos com o Ministério da Saúde, a Apex-Brasil, a BR Distribuidora e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Hoffmann deixou a Borghi Lowe no final de 2014, quando as investigações da Lava Jato estavam adiantadas e empreiteiros eram conduzidos à carceragem da PF, em Curitiba. Na última sexta-feira (11), Ricardo Hoffmann foi preso pela Polícia Federal e deve ficar na carceragem da PF por cinco dias. Hoffmann é considerado o Ricardo Pessoa do mercado publicitário - o dono da construtora UTC é tido como a chave dos segredos mais sórdidos envolvendo o petrolão e os desvios de dinheiro da Petrobras para partidos políticos.Fonte:Bahia Noticias