O reboliço gerado pelo atraso do pagamento da folha do Tribunal de Justiça, que tradicionalmente é feito no penúltimo dia do mês, resolvido em 24 horas, levou o governador Rui Costa a revelar e colocar a público as dificuldades já esperadas desde o final da gestão Wagner. A crise que grassa na economia do País, agora está generalizada. Não alcança apenas o estado, mas, quase uniformemente, todos os entes federativos. A arrecadação de impostos no estado levou um tombo neste início de ano. Rui revelou ao jornalista Biaggio Talento, de A Tarde, que a realidade de agora estabelece dificuldades para “o aumento linear do servidor estadual” – dos três poderes. Já havia sinais evidentes do que se passava, porque o secretário da Fazenda, Manoel Vitório, havia colocado às claras que não poderia, em consequência da crise, anunciar o percentual que os servidores iriam ter sobre seus vencimentos neste ano de 2015.
A evidência da crise já estava presente nos diversos segmentos da economia baiana, incluindo os setores da indústria, do comércio, atingindo com força o setor da construção civil. Há queixas das imobiliárias sobre a queda do valor dos imóveis, principalmente em Salvador. Uma paralisação neste segmento empurram as empreiteiras tentar desovar seus imóveis a preços menores para fazer caixa. Consequentemente, a crise chega aos operários das construções que se multiplicaram nos últimos anos exatamente para atender às necessidades do negócio. Já são 20 mil os operários do setor da construção desempregados somente em Salvador. Não faz muito o crescimento do segmento tornara difícil encontrar profissionais competentes. Mudou tudo com a crise. Notava-se facilmente a realidade anterior com os anúncios das construções oferecendo vagas aos operários de especializações diversificadas.
Ocorrera, antes, um “boom” no setor que deu margem à verticalização da cidade. As empresas que entraram na hora certa se deram bem. As que não perceberam que a carência de imóveis entraria em queda estão com milhares de apartamentos encalhados sem que haja venda. Os compradores desapareceram desde 2014. Houve então a tal queda nos preços. Faltavam condições de pagamento aos possíveis adquirentes.
Não se imaginava justo porque não havia informação de que o último quadriênio de Dilma Rousseff não ia bem. Nem o governo alertava para a crise que afinal chegou. Pelo contrário, o governo fez justamente o inverso: escondeu como pode as dificuldades que acabaram explodindo, naturalmente depois da reeleição. Como sempre. Agora, a realidade assusta como se nota com o generalizado aumento dos preços e com a inflação em processo ascendente.
O fato é que, para não chegar à lona, neste início de segundo mandato, o governo da União foi obrigado a mudar radicalmente a sua política econômica, enquanto o antigo ministro da Fazenda, Guido Mantega, virou um zumbi. Ninguém sequer lembra-se dele. Como resultado, os índices de referência das pesquisas no quesito “bom e ótimo” do governo Dilma encostam em gélidos 12% (pesquisa Ibope ontem divulgada) e a sua rejeição disparou para 64%, percentuais vistos raras vezes na neo-democracia brasileira.Fonte:Bahia Noticias