Ao todo, já são 17.973 casos suspeitos de dengue este ano em toda a Bahia, até a semana passada, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Esse número representa um aumento de 144,6% em relação aos 7.346 registros do mesmo período de 2014. Ou seja, o número de notificações é quase um dobro e meio maior do que no ano passado. Para a coordenadora do Grupo Técnico Ampliado da Dengue da Sesab, Elisabeth França, o aumento não foi bem uma surpresa — eles só não sabiam de quanto seria. “A dengue já é esperada, por ser uma doença endêmica. O que acontece é que a maior parte dos criadouros está nas casas e, por mais que exista o trabalho realizado pelas equipes municipais, onde há água limpa ou suja poderá ter o mosquito. Tendo o vírus no ambiente, é possível ter o surto”, explica Elisabeth. Segundo a representante da Sesab, entre os fatores que poderiam ter contribuído para o aumento da incidência da doença estão os hábitos da população, a falta de saneamento básico em alguns locais e ao fato de que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, já está adaptado ao nosso clima.
Os casos de dengue estão espalhados em 255 municípios. O primeiro lugar do ranking é de Itabuna, no Sul do estado, com 3.837 casos até o início do mês de abril. Em seguida vem Ilhéus (3.198 casos), Jequié (1.316), Salvador (832) e Jeremoabo (528). “Estamos pedindo para a população que nos ajude a evitar possíveis criadouros. Se tiver, que eliminem ou que denunciem à secretaria de seu município onde há possíveis focos de mosquito”, alerta Elisabeth. Em Salvador, é possível contatar a Secretaria Municipal da Saúde através do número 160. Ainda que os números sejam altos, de acordo com ela, não existe epidemia de dengue no estado. No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou os índices do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que analisou os meses de janeiro e fevereiro de 2015. Calculado a partir da porcentagem de casas visitadas onde há larvas do mosquito transmissor da dengue, o LIRAa indicou que 11 cidades da Bahia tinham risco de epidemia de dengue. Outros 32 municípios foram classificados como em estado de alerta. Estão em situação de risco as cidades que têm mais do que 3,9% dos imóveis pesquisados com larvas de Aedes aegypti. Já os que estão em situação de alerta têm resultados que vão de 1% até 3,9%. A pior situação foi justamente de Itabuna, com índice de 17,8%.
Mas a dengue não é a única doença que preocupa os baianos. Identificada na Bahia, pela primeira vez, em setembro do ano passado, quando houve 200 notificações, com cinco confirmações em Feira de Santana, a febre chikungunya continua a avançar o estado. De setembro de 2014 até a primeira semana de abril de 2015, foram 5.005 casos notificados em 119 municípios. Desses, 38 notificaram mais de cinco casos suspeitos. Em primeiro lugar, continua Feira de Santana, com 1.878 notificações. Logo em seguida, e com maior incidência em 2015, vem Riachão do Jacuípe, Nordeste do estado, com 1.631 casos, e Valente, na mesma região, com 409 ocorrências. Com 180 registros, Salvador aparece em quarto lugar. Segundo a infectologista Ceuci Nunes, diretora do Hospital Couto Maia, a situação deve piorar, já que o sorotipo da chikungunya é diferente dos quatro da dengue, os quais, normalmente, só causam uma infecção nas pessoas. “O brasileiro não tem proteção contra a chikungunya, por isso, é normal esperar que se espalhe. Chikungunya, em geral, não mata. Já a dengue pode matar, ainda que seja raro”, alerta. Apesar do aumento dos casos em Salvador, não há epidemia de chikungunya, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde. De janeiro a abril deste ano, foram 54 notificações.Fonte:Bahia Noticias