quinta-feira, 21 de maio de 2015
Berg Borges:"Algo me fez acordar, não sei o que foi!."
Passados alguns dias sem ler o livro que comecei a ler na penúltima semana, voltei a folheá-lo ainda sem muita vontade de sorver as páginas finais de um romance desconhecido, de um autor mais desconhecido ainda.
Sentei-me em minha cadeira predileta e pus-me a ler. Antes mesmo de ler duas páginas, peguei no sono e sonhei.
Pouco lembro-me dele. O que ficou na memória foi a parte em que chegavam duas mulheres, uma nova e outra velha, e me diziam que minhas flores seriam multiplicadas cada vez que eu jogasse água fria nelas. Por mais que eu buscasse os potes de água fria mais eles diminuíam de tamanho e minhas lindas flores iam murchando, murchando até morrerem.
Algo me fez acordar, não sei o que foi. Levantei-me sobressaltado e corri os olhos de imediato em meu jardim: alívio, tudo bem!
Passado o susto do mau sonho, voltei à leitura das últimas páginas. O final do livro foi bom: o rapaz conseguiu o sim da moça; o casal teve dois filhos lindos e; a vilã da trama acabou enlouquecendo e morreu.
Na vida real é comum nos espantarmos ao sabermos que um conhecido nosso perdeu o juízo, que tal pessoa não está bem da cabeça.
Cleonice uma professora de português ficou ruim da cuca por conta do trabalho que tinha com seus alunos, chegando mesmo a tentar agredi-los quando a doença instalou -se de vez em sua mente; Maria Costureira rasgava suas próprias roupas quando não tomava os remédios que lhe tranquilizavam.
E Anísio, hein? Este tocava um violino imaginário durante horas e não queria que ninguém interrompesse seu concerto.
Certa feita, no fórum da cidade, doutor Veloso, juiz de direito há vinte anos na comarca, fazia o interrogatório de Santos, com o propósito de avaliar a sanidade mental do rapaz para fins de interdição. De cara fez a seguinte pergunta a Sandoval Santos: O senhor, seu Sandoval, tem filhos, esposa? Ele deu uma risadinha sem vergonha e respondeu: " depende".
O juiz, querendo mostrar autoridade diante dos presentes, lhe exigiu: " responda sim ou não. Entendeu?"
Santos era doido, mas não era bobo e disse ao juiz que nem tudo poderia ser respondido com um sim ou não. E de imediato perguntou ao magistrado: " O senhor já deixou de apanhar de sua mulher"?
Não houve mais audiência e todo mundo ficou sabendo que doutor Veloso apanhava da esposa, dona Alba.
Bem, de juiz e de louco, todo mundo tem um pouco e o mal do sabido é pensar que o doido é besta.
Fonte:(contos de um florista):Por Berg Borges