O governo de Dilma Rousseff não foi o responsável pela aprovação na Câmara do ajuste fiscal, mas, sim, um entendimento que permeou os parlamentares e os partidos políticos sobre a necessidade de participar do esforço para retirar o país das grandes dificuldades que enfrenta. Uma consequência das desastradas gestões do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega – um dos piores que já passou pelo cargo – e da presidente, uma invenção de Lula em momento de poder. Ela não estava preparada para governar o país. Mesmo assim, o resultado da votação foi apertado, porque partidos pretensamente aliados, como o PDT e o PP, votaram na contramão, o primeiro em peso com voto contra dos 19 integrantes da legenda. Certamente pagarão o preço da ira do Planalto.
Não havia outra saída para tentar tirar o país da crise senão a aprovação da Medida Provisória 665, obtida com as dificuldades já citadas, e os desencontros entre os parlamentares na Câmara dos Deputados. É só o início de diversas medidas pensadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levi, e seus assessores, todos amplamente competentes. Ou se faz o ajuste, que pode levar ao aumento da inflação – já notada – ou o Brasil estaria, ou estará fadado a mergulhar em imensas dificuldades econômicas, como já se observa com o desemprego que desponta e se acelera, além do custo de vida que provavelmente levará a sérias dificuldades para as classes média, média baixa e baixa.
O país chegou a esta situação em consequência das mentiras oriundas do Palácio do Planalto, num processo enganoso que emergiu repentinamente. Com relação a Mantega, estava a vistas a sua incapacidade para gerir a Fazenda, mas era ele integrante do grupo de Dilma, consequentemente sob proteção presidencial. Ao ex-ministro da Fazenda sabe-se agora que o rombo na Petrobras foi comandado em boa parte por ele - cerca de R$ 60 bilhões que a petroleira deixou de recolher - porque o ministro vetava repetidamente o aumento dos combustíveis, sustentando uma política oriunda do PT que, para favorecer as montadoras de veículos, derrubou o IPI sob a alegação de que a nova classe média emergente “também tinha direito ao seu carrinho”. O resultado é o que se vê. A queda do emprego, o custo de vida disparando, a inadimplência, e as dificuldades imensas que a população destas três classes sociais citadas está no momento enfrentando.
Há um velho ditado popular que ensina – e a sabedoria do povo não pode ser desprezada – que “papagaio só larga o pé quando o bico está seguro”. No primeiro governo Dilma o “papagaio” largou o pé e o bico, na crença que o melhor estava para vir. Deu-se o contrário. Daí as dificuldades que o governo tem à frente, além da solidão da presidente no seu palácio, marcada pela população de maneira geral, como se observou nas manifestações em forma de panelaço.
Não é somente restrita a ela. Agora atinge também Lula, cuja sabedoria para tratar com o povo parece ter ido água abaixo como ficou claro no programa gratuito do PT apresentado em rede de rádio e televisão, atingido de igual modo pelo panelaço. Lula está, com a embrulhada de Dilma, realizando ao que parece o retorno ao passado, procurando a classe trabalhadora e as organizações sindicais, que estão também em dificuldades. Daí ter atacado de forma inapropriada a terceirização já aprovada com larga margem na Câmara dos Deputados e o será certamente no Senado. Errou no discurso incompatível com o momento de reação popular ao governo, como se verificou nas manifestações recentes.
Assim, o PT que nasceu e chegou ao poder com a bandeira da esperança, anda a errar seguidamente. A tal ponto que, para mitigar a dor, na sua última reunião o diretório nacional anunciou que punirá com a expulsão os integrantes da legenda que vierem a ser condenados no julgamento em consequência da Operação Lava Jato. Não dá para acreditar que tenha esquecido tão rapidamente dos mensaleiros, que mancharam a legenda e permaneceram no partido, abrigados com a bandeira vermelha centralizada pela estrela amarela. Como disse Cícero em época romana marcada pela decadência e depravação dos costumes: “Ó tempora! ó mores!” .Fonte:Bahia Noticias