Em novembro de 2011, Kleber Gladiador procurou as câmeras de televisão e escancarou sua briga com Luiz Felipe Scolari. Segundo o atacante, o então técnico do Palmeiras humilhava os jogadores. Dizia claramente que tinha pedido um atleta, e recebido outro. Que 80% do grupo não gostava do comando. Poucos dias depois o jogador foi anunciado pelo Grêmio. Felipão seguiu no Palmeiras e foi campeão da Copa do Brasil no ano seguinte, mas também participou diretamente da queda alviverde para Série B. Quatro anos depois, hoje no Grêmio, as declarações de Scolari sobre o time soam semelhantes. E será que Kleber tinha razão?
"O cara está querendo ir embora e colocando a culpa nos jogadores. Fala do time como se fosse o time dos casados contra os solteiros. Mas ele, no Chelsea, teve os mesmos problemas. Afastou o Drogba e caiu", disse o Gladiador à TV Bandeirantes. "Ele falou isso: Eu não tenho culpa se eu peço o Sheik [Emerson] e me trazem o Ricardo Bueno. Na frente do garoto, na frente do grupo todo. Aquilo para a gente, pensamos: o cara está louco de falar isso na frente do cara. Ele desmoraliza o jogador", completou. "Se eu mostrar as mensagens do meu celular posso provar, 80% do grupo não gosta dele, e 90% dos funcionários do clube também não gostam", finalizou.
A briga pública entre eles jamais foi esquecida. Tanto que Scolari, quando soube que Kleber voltaria de empréstimo no começo deste ano, exigiu seu desligamento. "Se ele subir no ônibus, eu desço", disse a amigos.
Outro ponto que desagradou o jogador foi que Felipão não postou-se ao lado do jogador João Vitor, que foi agredido por torcedores na sede do Palmeiras em 2011. "Antes de emitir opinião, peço que vocês pesquisem nos laudos da polícia. Às vezes não é realidade total", falou o técnico. Kleber defendeu o colega e acabou afastado.
E quatro anos depois o ambiente no Grêmio remete ao ocorrido no Palmeiras. Scolari, em duas entrevistas, remontou tudo que desagradou Kleber. Primeiro, não titubeou ao afirmar que há ao menos seis elencos melhores do que o seu no Brasileirão. E após a derrota do último sábado diante do Coritiba, admitiu que sem reforços o clube irá 'sofrer'.
"Só jogador que está se dando mal aqui", disse Kleber em 2011 ao explicar a briga com Scolari. "Não consigo aceitar este tipo de coisa", completou.
A 'sinceridade' do treinador gera contestações. As frases que colocam a direção sob pressão, como quando salientou que o Grêmio trata-se de um clube 'de futebol' e precisa gastar para formar um time de qualidade, desvalorizam os jogadores que atualmente defendem o Tricolor e abalam sua imagem também perante a torcida. Mas principalmente diante do elenco.
Kleber brigou com Felipão por defender o elenco palmeirense. Na época, a direção tomou partido do técnico e o Gladiador foi negociado. Só que agora acontece a mesma coisa, em outro endereço, mas com o mesmo protagonista. Kleber, fora do foco neste momento, pode ter comprovada razão, mesmo que hoje não precise ter nova manifestação daquela forma, já que buscou na Justiça sua rescisão com o Grêmio.